O Vermelho Entrevista desta terça-feira (25) conversou com o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PE), que analisou o segundo turno das eleições presidenciais e em Pernambuco, considerou positiva a experiência da implantação do sistema de Federação Partidária e criticou a política de “arrocho” do salário mínimo do governo Bolsonaro que acentua ainda mais a desigualdade social no Brasil.

O deputado Renildo foi reeleito neste pleito para o seu quinto mandato na Câmara dos Deputados. Ele que já foi vereador e Prefeito de Olinda, lidera a bancada do PCdoB desde fevereiro de 2021. E foi o principal coordenador das articulações que resultaram na aprovação da Lei que instituiu as Federações Partidárias.

Na entrevista, o deputado reafirmou que este novo sistema é uma inovação na legislação brasileira. Classificou o modelo como moderno e que deve perdurar. “Vem com o objetivo de aperfeiçoar o nosso sistema, deixar mais moderna”. Para ele, uma importante ferramenta que estimula a aglutinação de partidos com convergência partidária.

“A minha impressão é que a federação irá perdurar por um bom tempo, vai resolver vários problemas do nosso sistema partidário”, considerou o parlamentar.

Segundo Renildo, quando o projeto foi concluído, faltava pouquíssimo tempo para as eleições e por isso, somente três federações foram formadas neste período. “E havia toda a realidade regional nos estados que ficou difícil de ser organizada”. Para ele, superado o calendário eleitoral, vários partidos no Brasil irão fazer federação para 2023, este é o caminho”, considerou.

Para o deputado, o novo sistema deverá ir substituindo as coligações partidárias. “Penso que a federação é uma resposta democrática a várias mazelas do nosso sistema partidário”, ponderou.

“Salário de arrocho“

Mais de 72 milhões de brasileiros vivem apenas com o salário mínimo. Na entrevista, o parlamentar foi intrépido ao criticar a falta de política salarial do governo Bolsonaro para aumentar a renda da maioria da população brasileira. “O salário mínimo é a referência financeira para a grande maioria da população e as aposentadorias também”.

Enumerando as riquezas e potenciais de crescimento e desenvolvimento do país, como a diversidade social, a extensão territorial, a riqueza natural e ainda sim, o Brasil é a “Nação mais desigual do mundo. São mais de 30 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, sendo que o país é um grande exportador de grãos e de proteína animal, e a população ainda passa fome. É uma desigualdade envergonhada”, frisou.

Para o líder, enfrentar essas mazelas com investimentos na melhoria de vida das pessoas deve ser urgente, com uma política que ajuste o salário mínimo e não seja esse “salário de arrocho”.

Lembrando que o então presidente Lula enviou para o Congresso um tratamento diferente, considerando dois fatores para o aumento do salário do brasileiro, de que seria “reajustado levando em consideração o processo inflacionário e o crescimento econômico”.

Dessa forma, fazendo com que o povo tivesse um salário com ganho real, explicou. “Ao longo de vários anos tivemos uma recuperação”. O brasileiro teve um crescimento real no salário de aproximadamente 77%, ou seja, o poder de compra quase que dobrou, porque ele teve um crescimento real”, explicou.

Porém, considerou o deputado, tanto o governo de Michel Temer como o de Bolsonaro acabaram com esse crescimento, fazendo com que a carestia explodisse, a inflação voltasse com toda força, com os produtos muito mais caros.

Neste sentido, o líder criticou o tratamento do governo Bolsonaro para com o povo. “O que sai a notícia que sequer a inflação ele quer garantia para o reajuste do salário mínimo. Que o salário mínimo irá crescer para baixo, sequer irá acompanhar a inflação”.

“O poder de compra diminuiu e a desigualdade se acentua no Brasil”. Para o parlamentar, o governo federal faz uma “política criminosa” contra os trabalhadores e trabalhadoras e aposentados.” Uma ideia dessa só poderia sair da cabeça de Bolsonaro e de Paulo Guedes”, criticou.

Considerado um dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Renildo analisou as eleições presidenciais a disputa a cinco dias do encontro do povo com as urnas, dia 30 de outubro.

Ele também discorreu sobre a disputa eleitoral em Pernambuco e o apoio partidário à campanha de Marília Arraes neste segundo turno para o governo.

O líder também comentou sobre as dificuldades de eleger uma bancada federal e agradeceu pela conquista das vagas na Câmara dos Deputados, citando cada um dos parlamentares do PCdoB eleitos. “Não é fácil uma eleição de deputados federais no Brasil. É uma luta muito dura, muito desigual. Mas de qualquer maneira, uma vitória de todos nós”.

Para o deputado, a vitória de Lula significa a reconstrução do país, a pacificação do Brasil “e dar passos importantes na direção do nosso desenvolvimento como nação e melhorar a vida do povo”, contra “uma tragédia que seria a eleição de Bolsonaro que levaria para os brasileiros e brasileiras a muito sacrifício, de desrespeito e de desmonte das nossas instituições e de uma forte ameaça para um governo autoritário e fascista no Brasil. Nós temos que evitar de toda maneira”, completou.