O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou sábado (3) do evento “Mulheres pela vida e pela família”, realizado nos pavilhões da Fenac (Federação Nacional de Cultura), em Novo Hamburgo (RS), em mais um esforço de aproximação do eleitorado feminino.

Acostumado a desferir ataques contra mulheres, xingando jornalistas e falando contra seus direitos, o mandatário cometeu mais uma das suas ao falar que a liberação de armas é uma política de combate à violência de gênero mais importante do que a Lei Maria da Penha.

Durante o seu discurso, ele lembrou um questionamento feito a eleitoras anteriormente: “Você prefere sacar da bolsa a Lei Maria da Penha ou uma pistola?”.

Bolsonaro foi além, sugerindo que portar uma arma é uma “garantia” para que a mulher e a sua família não sofram “violência dentro de casa”, comparando o uso de armas de fogo com a Lei Maria da Penha – legislação criada para coibir atos de violência física, patrimonial, sexual, psicológica e moral contra a mulher.

Relatora da lei na Câmara dos Deputados, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a fala. “A Lei Maria da Penha já salvou mais de 300 mil vidas. Mas, o presidente acha que ela é inútil. Prega que violência se combate com mais violência. De um defensor da tortura e de torturadores, isso é esperado. De um chefe de estado, é inadmissível”, apontou.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que não é costume do presidente condenar a violência dos homens, “ele joga a responsabilidade para as mulheres”.

“Bolsonaro perguntou se as mulheres iriam preferir uma arma ou a Lei Maria da Penha, em uma situação de risco. O que nós queremos é um país com mais respeito e sem desigualdade de gênero”, disse a deputada em uma rede social.

Candidato à reeleição, o presidente tenta mudar sua imagem no eleitorado feminino, grupo no qual é mais rejeitado. A pesquisa Datafolha divulgada no final de setembro mostrou, entretanto, que a rejeição de Bolsonaro entre as mulheres subiu de 53% para 55%.