Um monitoramento feito pelo Laboratório de Pesquisa em Comunicação, Culturas Políticas e Economia da Colaboração (Colab) da Universidade Federal Fluminense (UFF), mostrou que além das parlamentares mulheres continuarem sofrendo com a violência política de gênero, as de esquerda são duas vezes mais atacadas que as de direita.

Segundo divulgação do G1, o estudo analisou quatro milhões de menções feitas a 79 deputadas e 12 senadoras, entre julho e dezembro de 2021, estabelecendo filtros para detectar o tipo de agressão.

Entre outros níveis de ofensa, o insulto aparece com 41% das menções, seguido por invalidação (26,6%) e crítica (24,5%).

Entre as nove parlamentares proporcionalmente mais atacadas com discursos violentos durante a última legislatura (2019-2022) está a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder do PCdoB na Câmara.

Jandira aparece em terceiro lugar, com 33,3% das menções ofensivas feitas à ela. A parlamentar vem logo atrás de Talíria Petrone (Psol-RJ), com 50%, e da ex-deputada Dayane Pimentel (União Brasil-BA), com 37,5% das menções.

Feghali, que também é muito presente nas redes, usou o Twitter para falar sobre o assunto. “Estudo da UFF apontou a violência sofrida por parlamentares mulheres na última legislatura. E estou entre as mais atacadas nas redes proporcionalmente. A motivação? Intolerância política, discurso misógino, desinformação, aparência, racismo, homofobia e capacitismo.”, escreveu.

A deputada seguiu o fio afirmando que “é indignante saber que mulheres ainda são alvo de violência política e que o protagonismo feminino é uma das causas desse discurso de ódio”. Frizando que “é preciso denunciar e punir os agressores” e também “continuar estimulando o empoderamento das mulheres na política.”

Entre as plataformas consideradas na pesquisa estão o Twitter, com 24% das menções com discursos violentos; e o Facebook, que apresentou aumento nos índices de engajamento nos conteúdos com ataques às parlamentares.

Violência política de gênero

A violência política de gênero, tipificada como crime em agosto do ano passado, quando foi sancionada a Lei n. 14.192, pode ser caracterizada como todo e qualquer ato cujo objetivo seja excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou ainda induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato.

Essa violência é considerada uma das principais causas da sub-representação das mulheres no Parlamento e nos espaços de poder e decisão, prejudicando a democracia no país.