Em média cada motociata de Bolsonaro custou aos cofres públicos R$ 100 mil e mobilizou até 300 militares para acompanhar os eventos. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (23) pelo Estadão em parceria com a agência “Fiquem Sabendo”, especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI).

As notas fiscais estavam em um conjunto de 2 mil documentos classificados como reservados, anexados na prestação de contas do cartão corporativo.

De acordo com a reportagem, as notas revelam um Bolsonaro diferente daquele que comia churrasquinho com farofa, pastel e cachorro-quente nas ruas. “Aparecem cortes nobres de carne, frutas e verduras de um famoso mercado gourmet, além de camarão e bacalhau”.

“No dia 7 de junho de 2019, foram comprados 6,3 kg de picanha maturatta, 15 kg de filé mignon sem cordão e ainda peças de costela defumada, batata palha, potes de palmito e azeitona”, diz a reportagem.

Logo no início do governo, em abril de 2019, foram adquiridos 4,2 kg de camarão rosa, 7,2 kg de bacalhau e 10,8 kg de filé de robalo ao preço de R$ 2.241,55.

A reportagem registrou ao menos 14 compras de picanha, 47 de mignon e 15 de bacalhau. “Essas despesas eram frequentes – às vezes mais do que uma vez na semana.

Em maio de 2021, Bolsonaro realizou uma motociata no Rio de Janeiro que custou ao cofre da União R$ 116 mil, contando com o suporte local de policiais militares, tropa de choque, socorristas e agentes do Exército.

Repercussão

No Congresso, a reação foi imediata. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a farra com o cartão corporativo. “Rastros de tragédia e destruição no Brasil de uma gestão onde o presidente farreava com dinheiro público, custeado pelo cartão corporativo que pagou motociatas, picanha e camarão!”, disse.

“Com o fim do sigilo do cartão corporativo usado por Bolsonaro, descobrimos que ele gastou R$ 4,7 milhões nos dias de folgas, só curtindo férias, feriadão e passeios de moto. Entendem agora porque Bolsonaro botou sigilo nos gastos dele com o cartão da presidência? A roubalheira que tentaram esconder está vindo à tona com a queda do sigilo”, criticou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).