Congresso deve chancelar ato de Lula pela intervenção na segurança do DF
Num cenário de destruição, parlamentares começaram a chegar a Brasília nesta segunda-feira (9) para votar, em regime de urgência, o decreto do presidente Lula determinando intervenção na segurança pública do Distrito Federal (DF).
Depois da depredação promovida por golpistas neste domingo (8) nas sedes dos Três Poderes, deputados e senadores visitaram as instalações do Congresso na madruga desta segunda-feira (9).
Na ocasião, encontraram as vidraças da frente e internas do Congresso quebradas por bombas e pauladas, móveis e obras de artes destruídas.
Para que a polícia faça a perícia, o Congresso encontra-se fechado. Apenas funcionários autorizados pela administração puderam entrar no local.
O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que convocou sessão extraordinária para avaliar o ato presidencial, chega nesta segunda-feira a Brasília, após interromper férias na França.
A perspectiva entre os parlamentares é que o ato do presidente será chancelado pelo Congresso. A última intervenção, feita em 2018 por Michel Temer no Rio de Janeiro, ganhou aval das duas Casas.
“A Intervenção Federal na segurança pública de Brasília é um importante passo em defesa da nossa democracia. Precisamos responder à altura e punir todos os envolvidos. Inclusive, os funcionários públicos que foram omissos e coniventes com a tentativa fracassada de golpe”, considerou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).
O líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros (PE), afirmou que tanto o decreto de Lula quanto a decisão do ministro do STF de afastar por 90 dias o governador Ibaneis Rocha (MDB) como medidas acertadas para conter a onda golpista na capital.
“As medidas duras do ministro Alexandre de Moraes reforçam o entendimento de que não é possível tolerar os ataques à nossa Democracia. É inadmissível que esses terroristas e seus financiadores fiquem impunes”, reagiu o líder.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) defendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). “Temos fatos certos e determinados. A retenção dos ônibus, o cerco e fichamento dos que agora ‘passeiam’ pelo DF. Se fossem estudantes, de certo, estariam em fila, com balas de borracha pelos seus corpos. Chega de leniência, chega de passar pano nos terroristas!”, disse.
Intervenção
Lula nomeou o interventor Ricardo Garcia Cappelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, para comandar as ações da área no DF até o final de janeiro.
O ato do presidente tem efeito imediato, mas precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados e o Senado
O ministro do STF Alexandre de Moraes afastou do cargo o governador Ibaneis Rocha (MDB) por 90 dias. No seu lugar, assume a vice-governadora, Celina Leão (PP). A força policial também está cumprindo a determinação dele para que seja desmontado o acampamento em frente ao QG do Exército na capital.