Numa decisão considerada cruel, Bolsonaro vetou o projeto de lei 6330/19, do Senado, que obriga os planos de saúde a cobrirem tratamento domiciliar contra o câncer. Após intensa pressão, o presidente cedeu ao lobby das empresas e demonstrou defender interesses contrários ao da população. O governo alegou que o projeto “poderia comprometer o mercado dos planos de saúde.”

O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados, em julho, por um placar expressivo de 388 votos contra 10. No ano passado, no Senado, a proposta do senador Reguffe (Podemos-DF) foi aprovada por unanimidade.

A vice-líder da minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), não tem dúvidas de que Bolsonaro agiu a favor dos interesses privados. “Optou pelo mercado! Bolsonaro VETOU o PL 6330 que garantia quimioterapia de uso oral aos segurados de planos de saúde. Vamos articular a derrubada do veto presidencial. Saúde em primeiro lugar”, escreveu a deputada no Twitter.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também usou as redes sociais para repudiar a medida: "Bolsonaro VETOU a lei que facilitaria o acesso à remédios contra o câncer. Entre a vida dos brasileiros e o lucro dos planos de saúde, ele não teve dúvida: ficou com os tubarões dos planos. Ordinário! Pagará por cada morte causada".

Para o deputado Daniel Almeida PCdoB-BA), a opção do governo por vetar o projeto é uma "perversidade" contra os que mais precisam.

"Não há razão lógica para se vetar acesso aos medicamentos de uma das doenças que mais matam no Brasil. Em nosso mandato, criamos a lei que garante abono ao trabalhador para que ele faça consultas que possam diagnosticar o câncer, pois quanto antes se diagnostica, maiores são as chances de recuperação. Acredito que é dessa forma que um presidente deveria pensar. Mas parece, na verdade, que nem temos presidente", afirmou o parlamentar em suas redes sociais.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também protestou nas redes: "Da coleção de maldades de Bolsonaro, nem as pessoas com câncer escapam. São crianças, jovens, adultos e idosos prejudicados por esse veto. #absurdo".

O líder do partido na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), foi outro que usou as redes sociais para criticar a insensibilidade do governo.

"O veto de Bolsonaro ao projeto que obrigava os planos de saúde a cobrirem tratamentos de câncer com remédios de uso oral é inominável. Principalmente se, como está sendo divulgado na imprensa, foi para atender aos interesses de lobbies do setor dos planos de saúde", postou no Twitter.