Um ano e meio marcado pelas chantagens, artimanhas e manobras de Eduardo Cunha. Infelizmente, esse fato tem destaque no balanço dos trabahos do Parlamento desde o início desta legislatura em 2015. É preciso lembrar e registrar os efeitos desta atuação maléfica do presidente afastado da Câmara dos Deputados para que essa história nunca mais se repita no Brasil.

Com o avanço do processo contra Cunha na Casa, a expectativa é que o réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro seja cassado pelo Plenário em agosto. É muito triste que o peemedebista tenha conseguido adotar tantas práticas antidemocráticas e espúrias que causaram sério mal ao país. Entre tantos atropelos e jogos para favorecer interesses pessoais, o mais grave foi a aprovação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, sem a existência de qualquer crime de responsabilidade. Apenas por vingança porque o governo não quis se articular para salvar o mandato de um corrupto.

Para preparar o cenário de golpe legislativo, Cunha fez todo tipo de manipulação para pautar  e aprovar matérias que fragilizavam o governo Dilma, independentemente se os temas eram importantes para o futuro do Brasil. Arquitetou tantas armações até conseguir derrubar a presidenta e colocar em seu lugar o vice Michel Temer (PMDB) que se comprometeu a usar todos os recursos de barganha do Executivo para tentar livrá-lo da cassação. Mas não está tendo êxito.

Neste enredo sórdido, quem perde é o povo brasileiro. Desde que assumiu a Presidência da República, o interino tem tentado adotar uma agenda perversa de desmonte do estado brasileiro, rejeitada nas eleições de 2014, com propostas de enxugamento de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Em um governo provisório, Temer quer executar um plano de governo de 20 anos, contrário aos interesses da população, ameaçando conquistas históricas.

O primeiro semestre de 2016, portanto, foi um período de resistência democrática que deve ser mantida nas ruas. Com a eleição de um novo comando para a Câmara, esperamos que o espaço de luta na Casa tenha um cenário mais favorável a partir de agora. Que tenhamos normalidade e consigamos discutir e negociar projetos que atendam aos brasileiros. A sociedade quer que a Casa funcione. Por outro lado, desejamos que o Senado reflita e resgate o mandato de Dilma, construindo a união de forças políticas contra propostas de Temer. Temos de recuperar a rotina democrática no país.

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.