O aprofundamento das crises política e econômica agravado pelo avanço do golpe institucional no Brasil exige ações imediatas para preservarmos a democracia. Diante da ofensiva dos golpistas no Senado que tentam a todo custo derrubar a presidenta Dilma Rousseff, mesmo sem crime de responsabilidade, é hora de resgatar a soberania do voto popular, deixando a população decidir se quer ou não antecipar eleições presidenciais no Brasil.

Seduzido pela perspectiva de poder fácil e sem voto popular, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), foi protagonista nas articulações visando inviabilizar a governabilidade do projeto político escolhido pelos cidadãos desde 2002. É absurdo o conluio de Temer com o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois desconsideram 54 milhões de votos obtidos democraticamente pela presidenta Dilma na ânsia de implantar um governo ilegítimo.

Temer atua como se estivesse disputando uma eleição indireta para o Executivo. Sem nenhum pudor, desenha a composição ministerial e planeja uma agenda neoliberal que trará sérios prejuízos aos mais pobres e aos trabalhadores. Esta ideia de “salvação nacional” apregoada pelo PSDB não contempla a maior parte dos cidadãos, mas sim a interesses das classes mais ricas da sociedade.

Tendo em vista a complexidade do cenário político, a Bancada do PCdoB avalia com outras forças políticas e movimentos sociais a convocação de uma consulta popular por meio de um plebiscito para outubro com o objetivo de definir o futuro do país. Temos de devolver ao povo o direito de decidir se é válido ou não encurtar o mandato constitucional de Dilma e escolher um novo presidente. O impeachment não pode ser utilizado como mecanismo que tem como resultado a eleição indireta de Temer.

Neste 1º de maio, celebrado no domingo, vamos todos sair às ruas em defesa da democracia para dizer não ao golpe contra o trabalhador que está sendo tramado pela oposição num plano sórdido e nada republicano. Trabalhadores do mundo, uni-vos!

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.