Um dia depois da posse dos novos ministros de Temer, a nomeação de Moreira Franco ao Ministério de Minas e Energia é vista como um balde de água fria na tentativa de privatizar a Eletrobras. Com um diálogo limitado no Parlamento, Franco pode encontrar dificuldade em articular o andamento das matérias no Congresso.

A avaliação vem de Casa. Casado com a sogra de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, Moreira Franco encontra resistência na base aliada, o que pode dificultar o “desencalhe” da privatização. O projeto enfrenta dificuldades na comissão especial da Câmara, onde a Oposição, que é minoria, tem conseguido obstruir os trabalhos reiteradamente. Além disso, a comissão do Senado, que também trata do tema, pouco tem avançado, apesar de haver tentativa do relator de apresentar o relatório na próxima semana (17).

“Fiquei preocupado. A base não consegue colocar quórum com a boa articulação que o ex-ministro Fernando tem aqui na Câmara. Com o novo ministro, que tem uma articulação muito ruim aqui na Câmara, fiquei preocupado e pedi ao Marun que articulasse melhor isso. Se já estava difícil, com um articulador pior as chances de não avançar são muito grandes”, afirmou Rodrigo Maia ao Estadão.

Para a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), que faz oposição à matéria, a indicação de Franco demonstra a “a falta de condições do governo em impor sua agenda desnacionalizante”. “É um governo tão sem autoridade política, que indica um homem denunciado pela Procuradoria Geral da República para conduzir a entrega de um ativo estratégico para o país”, completou.

Apesar da descrença, Moreira Franco se mantém firme na incumbência dada por Temer. Segundo ele, o “processo de capitalização da Eletrobras é política de governo e vai seguir dentro dos mesmos parâmetros e coerente com a mesma política que o ministério, sob o comando do Fernando Bezerra, vinha aplicando”.

No discurso de posse, Temer também tentou cacifar seu aliado na Pasta. “É um ministro que tem histórico político, conhece o Brasil e conhece os desafios do setor energético”, afirmou.

No entanto, a nomeação de Moreira para o MME foi recebida com desconfiança no mercado financeiro e no setor elétrico. A percepção aumentou com o pedido de exoneração do secretário-executivo Paulo Pedrosa, que foi acompanhado por seus auxiliares mais próximos e pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Luiz Augusto Barroso. O lugar de Pedrosa será ocupado pelo secretário de Petróleo e Gás do MME, Márcio Félix.