Parlamentares do PCdoB reagiram, em postagens nas redes sociais, à nota emitida pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e pelos comandantes das Forças Armadas, na noite de quarta-feira (7), em que a cúpula militar repudia as críticas feitas pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), sobre o envolvimento de integrantes das Forças em casos suspeitos de irregularidades no Ministério da Saúde.

No documento, os militares afirmam que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.

Os parlamentares condenaram o tom de ameaça da nota e a politização das Forças Armadas pelo governo Bolsonaro.

Para a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), vice-líder da Oposição, as Forças Armadas alcançaram, desde a redemocratização, o mais elevado reconhecimento como instituições de Estado e não podem retroceder, como aponta a nota emitida.

“O presidente Bolsonaro já nem dissimula sua escalada de politização das FFAAs, enquanto envolve Marinha, Exército e Aeronáutica na desmoralização de seu governo. Então, o tom de ameaça contido na nota contra uma instância do Congresso Nacional, que tem legitimidade constitucional para apurar atos de corrupção, confunde a opinião pública e reforça não apenas posições partidárias do presidente Bolsonaro, mas também seus indisfarçáveis sinais de golpe contra a democracia. As FFAAs, por dever e exemplo de honra, devem apurar denúncias consistentes contra quaisquer dos seus integrantes. Espera-se que o ministro da Defesa direcione sua lealdade à Constituição e à defesa da vida dos brasileiros, já suficientemente ameaçados pela pandemia”, afirmou a parlamentar.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria, também comentou o assunto. Para ela, a nota militar contra o presidente da CPI é “emblemática e muito preocupante”.

Já a vice-líder do PCdoB na Câmara, deputada Professora Marcivânia (AP), apontou que não cabe aos regimes democráticos responder com ameaças a críticas. “Se há algo que se aprende meio que ‘na marra’, na política, é que: se não queres ser alvo de excessivo escrutínio ou de críticas severas em relação ao que se faz, não se meta na vida pública. É ruim, mas é próprio (e necessário) dos regimes democráticos. Já reagir com ameaças, não é”, pontuou.

A nota, segundo o Globo, foi discutida no Palácio do Planalto entre o presidente e ministros militares e foi compartilhada pelo presidente da República em suas redes sociais.

Durante o depoimento do ex-diretor do Departamento de Logística, Roberto Ferreira Dias, Omar Aziz disse que "os bons das Forças Armadas devem estar envergonhados" pelo envolvimento de militares nas suspeitas envolvendo o Ministério da Saúde.

Antes de sair preso da CPI, Dias havia atribuído ao ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, a responsabilidade da negociação das vacinas, alvo de investigação por cobrança de propina para aquisição do imunizante. Atual assessor da Casa Civil, Franco era o número 2 do Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello.