Quase 246 mil brasileiros lutam contra ameaças do coronavírus, doença nova, multivisceral e pouco conhecida, que já ceifou de forma veloz mais de 16 mil vidas. Jair Bolsonaro, entretanto, menospreza a realidade, afronta a dor das famílias.

O presidente gasta energia na disputa miúda dentro e fora do governo. Briga com qualquer autoridade que não se agregue cegamente a sua política insana. A mais recente baixa foi o ministro da Saúde, Nelson Teich, que caiu com menos de um mês no cargo. É a segunda substituição de ministro que se nega a obedecer a ordens nocivas à saúde e se contrapor à ciência.

Uma tragédia à vista! É isso o que pode ocorrer se Bolsonaro nomear para a Saúde alguém que aceite ser guiado por sua mente genocida. Ele não é médico, mas receita cloroquina na esquina e quer liberar geral, suspendendo o isolamento social, estratégia indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A prioridade é o discurso político para sua reeleição e não a vida das pessoas. É preciso parar Bolsonaro! Este homem enlouqueceu e pode cometer um verdadeiro genocídio no país!

Toda semana Bolsonaro elege um alvo para tentar responsabilizar publicamente pela crise. Uma reunião no palácio, com empresários que lhe cobravam soluções para a crise, Bolsonaro levou para o outro lado da praça, o STF, tentando botar no colo do presidente do Supremo, Dias Toffoli, aquilo que é de sua responsabilidade. Lá transformou a reunião em ato político e, sem combinar com o presidente do STF, transmitiu o encontro ao vivo pelas redes sociais, expondo publicamente um poder da República.

Assistimos a um constrangido presidente do STF dizendo, nas entrelinhas, que o presidente da República é ele, Jair, não Toffoli. Que é tarefa do Executivo, não do Supremo, planejar ações, construir consensos, articular atores políticos e a sociedade contra o coronavírus.

Bolsonaro escancara ainda mais a falta de noção dele sobre o papel presidencial e o desprezo pela liturgia do cargo.

Hoje a maior ameaça à resposta do Brasil à Covid-19 é o próprio Bolsonaro. Repete erros da história. Em 1918, a Gripe Espanhola, menosprezada, era tratada em tom de brincadeira, mas acabou parando o Rio, Capital da República, e matando o próprio presidente eleito Rodrigues Alves. Matava tão rápido que as pessoas caíam tossindo nas ruas, e os cadáveres se espalhavam pelas casas e calçadas. Em oito meses, a doença deu a volta ao mundo, matando entre 50 e 100 milhões de pessoas.

O presidente Bolsonaro não tem capacidade de liderar a superação da maior crise sanitária do Brasil, a maior deste século, quando faz constantes negativas à Ciência.

Não faz o menor esforço pra isso e, sequer, olha para os milhares de bons exemplos positivos que presidentes de outros países têm feito para salvar seu povo.

Na sexta-feira (8/05), a Organização Mundial de Saúde (OMS) destacou os 40 anos de erradicação global da varíola, primeira e única doença humana exterminada em nível mundial, a maior vitória da saúde pública no mundo. Ela existiu por mais de 3 mil anos e matou 300 milhões de pessoas apenas no século 20. Essa conquista só foi possível, porque houve união dos países, como Estados Unidos e então União Soviética, mesmo durante a Guerra Fria. E todos trabalhando em prol da Ciência.

Nós da Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados temos atuado para fazer o que Bolsonaro não faz. O foco é aprovar propostas que garantam urgentemente recursos a estados e municípios. Temos de dar condições a prefeitos e a governadores para que cuidem dos doentes e evitem mais mortes, além de recuperar a tragédia na economia. Esperamos que o presidente acorde, defenda a Constituição e os direitos dos brasileiros à vida, à dignidade e ao emprego.

*Deputada federal pelo Acre e líder do PCdoB na Câmara.