Deputados do PCdoB criticaram a visita de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos esta semana. Numa postura de total submissão, o presidente aceita abrir mão de vistos aos norte-americanos sem reciprocidade para os brasileiros, fez discursos toscos e piadinhas homofóbicas. Uma postura bem diferente dos presidentes que lhe antecederam nas viagens àquele país.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP), a viagem de Bolsonaro aos EUA entrará para a história como “a mais vergonhosa página de vilipêndio à soberania nacional: base de Alcântara, visita à CIA. Quando Bolsonaro voltar é capaz de encontrar Trump calçando seu chinelo e vestindo seu pijama no Palácio do Planalto”, ironizou.

A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), diz que o sentimento é de vergonha pela “absoluta subserviência e deslumbre infantil” que a comitiva brasileira demonstra nos Estados Unidos.

“Um presidente que chega sem proposta, sem discurso e fazendo um discurso ideológico idiota, de confronto com o comunismo, socialismo, confronto com ideologias de gênero, com piadinhas sobre homofobia e colocando o Brasil à venda, sem nenhum projeto concreto”, criticou a parlamentar.

Num encontro com investidores, Bolsonaro falou de improviso dizendo que “a grande transformação do Brasil vem pelas mãos de Deus”. Criticou os governos petistas e falou que quando conheceu Paulo Guedes (ministro da Economia) foi “basicamente um amor à primeira vista”. E completou: “Na questão econômica, obviamente”.

Feghali lembrou que nos governos anteriores, sejam eles do PSDB ou do PT, haviam viagens com projetos e algum nível de respeito. “No período de Lula o Obama o chamou de ‘o cara’. Lula chegou lá com altivez”, lembrou.

Numa total subserviência, segundo Jandira, Bolsonaro reforçou a ideia de intervenção e não autodeterminação dos povos como é o caso da Venezuela, ajudou na deportação dos brasileiros com alguma ilegalidade naquele país, a política anti-imigrante e abriu o território brasileiro para os norte-americanos como no caso da Base de Alcântara, no Maranhão.

Base de Alcântara

Sobre o Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA), Márcio Jerry disse que no acordo anterior existia uma cláusula que previa a expansão da área no entorno do Centro. “Isso é inadmissível. Não vamos admitir que se adentre ainda mais no território quilombola que está no entorno do centro de lançamento”, afirmou.

Nesta segunda-feira (18), representantes do Brasil e dos Estados Unidos assinaram um acordo que permite o uso comercial da Base de Alcântara, no Maranhão. Na prática, o acordo prevê que os EUA poderão lançar satélites e foguetes da base maranhense.

Aprovado em uma cerimônia na Câmara Americana de Comércio, nos Estados Unidos, o acordo foi assinado pelos ministros das Relações Exteriores e da Ciência e Tecnologia, Ernesto Araújo e Marcos Pontes, respectivamente.

Nesta terça-feira (19), Márcio Jerry protocolou um requerimento na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara convocando o ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, para prestar esclarecimentos sobre o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas Brasil/EUA.

Em discurso na Tribuna da Câmara, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também lamentou a postura brasileira nos Estados Unidos e criticou a entrega da base para exploração comercial daquele país. “A nossa base, a mais cobiçada do mundo, a melhor em lançamento de foguetes, satélites e mísseis. O Brasil não pode perder sua soberania sobre aquela área. Eu lembro, para este Parlamento e para o governo, que precisa ser aprovado aqui, um acordo que interesse ao Brasil e não aos EUA. Não podemos entregar Alcântara”, afirmou.

*Do Portal Vermelho