Nesta semana, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, alta autoridade americana, está fazendo visitas a países da América do Sul. Chamou-nos atenção o momento e a pauta da visita do Sr. Pompeo nesta sexta-feira, 18 de setembro, em território brasileiro. O momento, por estarmos ainda em plena vigência da maior pandemia do século, com grandes perdas humanas em todo o continente americano, além de ser coincidentemente véspera das eleições presidenciais nos EUA. Trata-se, pelo contrário, de uma movimentação cirúrgica em uma região bastante específica do nosso continente, qual seja, a região amazônica compreendida na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Há uma clara ameaça à nossa soberania nessa região tão estratégica ao nosso desenvolvimento.

A Venezuela tem sido um dos inimigos externos favoritos da gestão do presidente Donald Trump. Parece haver uma tentativa de cerco a esse país. A visita de Pompeo vem para conturbar a relação do Brasil e seus vizinhos. Já a Guiana descobriu nos últimos anos uma reserva de petróleo monumental que a fará crescer economicamente mais de 80% em 2020.

Como parlamentares brasileiros, expressamos nossa preocupação com o casuísmo da visita, que ameaça a soberania nacional na Amazônia e pode ser um ato hostil à Venezuela, e isso, certamente, não contribui para a resolução dos conflitos com o país vizinho.

Lembramos que cabe ao Estado brasileiro a manutenção de uma boa relação com seus vizinhos sul-americanos, com respeito à autodeterminação de seus povos e cooperação para o progresso de todos.

Não se pode admitir uma ingerência externa que coloque em risco os preceitos da integração pacífica em nossa região. Vale lembrar que, historicamente, somos favoráveis à resolução pacífica dos conflitos e autodeterminação dos povos. Segundo o parágrafo único do artigo 4º da Constituição Federal, “A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.”

Perpétua Almeida, líder do PCdoB na Câmara.