Faz quase dois meses que o golpe institucional contra uma presidenta honesta se consolidou no Brasil. À medida que o tempo passa, fica claro o que a Bancada do PCdoB já alertava em abril, quando foi aprovado o impeachment contra Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Sem respaldo popular, o ilegítimo Michel Temer (PMDB) agrava as crises política e econômica do país. Está longe de ser uma “salvação nacional”.

As investigações da Operação Lava Jato avançam e chegam cada vez mais próximo do Palácio do Planalto. O temor de Temer se exacerbou e veio a público no dia em que se prendeu o comandante da derrubada de Dilma, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que ameaça entregar os comparsas. Vale lembrar que Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas em razão de desvios na Petrobras. Apavorado, o presidente golpista que estava em viagem ao Exterior antecipou a volta ao Brasil.

Enredado em um mar de denúncias de corrupção, Temer vacila e não consegue se afirmar plenamente em seu projeto de desmonte do Estado brasileiro. Além de sua base aliada estar comprometida com fatos da Lava Jato, o próprio presidente e os principais auxiliares podem a qualquer momento ser diretamente alvo de delatores. Existe uma expectativa real de que Temer não resistirá a esse maremoto político previsto.

Paralelamente, o peemedebista patina ao enfrentar uma crise entre os poderes, situação agravada com a briga entre o Senado e o Judiciário. Vive em situação desconfortável. Personalidades se afastam e não querem ser vistas em público com ele.

Nos olhos do povo, a resistência cresce. Medidas como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241/16), que congela por 20 anos investimentos em áreas cruciais, como assistência social, educação, saúde e segurança, geram uma onda de insatisfação até mesmo entre defensores do impeachment. As ocupações de escolas e universidades se alastram: já são 1.210 unidades ocupadas.

Aliados que incentivaram a ruptura democrática já trabalham com possíveis nomes para uma eleição indireta à Presidência da República a ser realizada pelo Congresso Nacional em 2017. O que é inaceitável. Temos de rejeitar velhas fórmulas e devolver aos brasileiros o direito de decidir o futuro do país.

É urgente reforçarmos a mobilização em torno de um amplo pacto de forças em defesa da democracia. Por meio de plebiscito, a população deve ser consultada sobre antecipar ou não as eleições presidenciais. A queda de Temer é iminente, mas quem deve decidir o destino da nação é povo. Basta de golpes!

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.