Réu. Acusado de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em razão de desvios na Petrobras. Este é um breve resumo da folha corrida do parlamentar que trama a derrubada da presidenta Dilma Rousseff. Protagonista na Operação Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manobra pelo impeachment mesmo sem existir crime de responsabilidade.

Desgaste de popularidade e crise econômica não são crimes. Quem decide se o governante continua ou não, se compromissos foram cumpridos ou não, é o voto popular em eleições a cada quatro anos. O impeachment não é o instrumento para troca de governo.

Como não há qualquer fundamento jurídico, torna-se claro para o país que a tentativa de impedimento é um ato político, conduzido por setores da oposição, da mídia, do Ministério Público, do Judiciário e da sociedade sob o comando do presidente da Câmara. Isso é um desrespeito ao voto, uma violência contra a democracia.

Comparado ao personagem Frank Underwood, da série House of Cards,  Cunha lança mão de artimanhas nada republicanas para tentar esconder-se atrás do processo contra Dilma, fugindo do julgamento da opinião pública. E o mais grave: criando condições para ele próprio assumir a Presidência da República no caso de afastamento da presidenta e do vice Michel Temer.

O mais estranho é que oposicionistas em virtude da conveniência do momento pactuam com Cunha, mesmo havendo farto material comprovando o envolvimento dele na corrupção na Petrobras. A oposição usa as denúncias da Lava Jato para atacar integrantes do governo Dilma, mas poupa o presidente da Câmara. Vale lembrar que os opositores chegaram a declarar publicamente o rompimento com Cunha por causa dos crimes que o envolvem. Agora, para dar celeridade ao processo contra a presidenta, abraçam-se com ele.

Por essas razões, o processo está contaminado desde o início. Segmentos da imprensa e da oposição esqueceram  as acusações contra Cunha. Temos de fazer uma denúncia contundente. Nestas condições, não há dúvida que está em curso um golpe contra a democracia brasileira. Quem não tem voto quer um atalho para chegar ao poder.

A grande batalha do momento, portanto, é bradar nas ruas, nos teatros, nos restaurantes, nos estádios e em todos os espaços: é golpe! Vem para a democracia! Juntos vamos construir uma saída legítima para o Brasil.

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara dos Deputados.