“O deputado Eduardo Bolsonaro precisa ser julgado no Conselho de Ética da Câmara como traidor da pátria, se confirmada a denúncia de que ele entregou dossiê contra brasileiros à embaixada americana.” A declaração da líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), parafraseando Ulysses Guimarães, faz referência à acusação do deputado estadual Douglas Garcia (PTB-SP), que afirmou, em depoimento à Justiça de São Paulo, que o filho do presidente da República entregou o dossiê para a embaixada dos Estados Unidos com informações pessoais de opositores do governo Bolsonaro, classificados como antifascistas.

Conforme divulgado pelo Uol na segunda-feira (10), a informação foi dada pela advogada de Garcia, Maria Laura Milhomens Lopes, ao juiz Guilherme Ferreira da Cruz, titular da 45ª Vara Cível da capital, em um processo em São Paulo em que Garcia foi condenado a pagar R$ 20 mil de indenização a uma mulher que teve seus dados expostos no dossiê que contém informações de quase mil pessoas.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou como “gravíssima” a denúncia de Garcia sobre Eduardo Bolsonaro e cobrou explicações do deputado federal. “Eduardo é um traidor do Brasil. Informante dos EUA! Deve explicações. Isso pode dar cassação”, declarou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que as informações foram obtidas de forma ilegal. “Um deputado federal e filho do presidente do Brasil entregar um dossiê ilegal sobre pessoas antifascistas do país para o EUA é crime. Isso não pode ficar assim! Lesa-pátria! Traidor!”, afirmou a parlamentar.

O dossiê, feito informalmente, não é resultado de investigação oficial. O deputado pedia nas suas redes sociais que denúncias fossem encaminhadas e as acrescentava na lista, de acordo com informações do processo judicial. Garcia, no entanto, nega ter participado da elaboração do documento que possui 56 páginas com dados e fotos de quase mil pessoas.

Com base no dossiê, Estados Unidos podem, por exemplo, impedir a entrada das pessoas citadas, negando visto ou mesmo revogando-o, se assim acharem que é o caso.

O documento é diferente do relatório do Ministério da Justiça que listou 579 servidores e professores antifascistas.