O gramado da Esplanada dos Ministérios recordou, nesta quarta-feira (15), as grandes manifestações características do local, quando cerca de 50 mil pessoas participaram do ato nacional contra os cortes de 30% nas verbas das universidades e institutos federais de educação. Em apoio ao movimento, 80% das escolas públicas do Distrito Federal paralisaram suas atividades.

A concentração começou por volta das 9h, nas imediações do Museu Nacional, e de lá seguiu até o gramado em frente ao Congresso Nacional. Um trio elétrico serviu de palanque para as lideranças estudantis e políticas que se revezaram nas falas.

Entoando palavras de ordem, estudantes universitários e do ensino médio de escolas públicas e particulares seguravam cartazes com os dizeres “Educação não é mercadoria” e “Balbúrdia é cortar investimento da educação”.

A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que enquanto Bolsonaro “lambe as botas” dos norte-americanos (ele se encontra nos EUA, neste momento) os manifestantes estão dando “uma imensa demonstração de brasilidade”.

“É muito bonito esse dia histórico, quando os estudantes protagonizam uma das maiores manifestações que o Brasil já teve. Esse é um ato histórico da juventude, mas quero também saudar os professores, as professoras e os pesquisadores, os cientistas, todos aqueles que se somam na defesa da educação brasileira e principalmente na defesa da educação pública, que está sob risco não só de apagar a luz, mas de privatizar a educação”, discursou a deputada.

O presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Pedro Gorki, o primeiro fazer uso da palavra, fez referência a Anísio Teixeira (1900-1971), pioneiro na implantação das escolas públicas de qualidade no Brasil, dizendo que o ensino não muda somente a condição do estudante, mas a do país.

“É por isso que eles cortam mais de 30% do orçamento da educação pública brasileira, justificam que é balbúrdia, mas eu quero dizer que balbúrdia é tirar dinheiro da escola pública”, disse. Ele chamou Bolsonaro de inimigo da educação e prometeu que os estudantes não sairão das ruas até quer os cortes sejam revistos.

O deputado Márcio Jerry foi categórico ao afirmar que Bolsonaro não conseguirá cumprir seu projeto de aniquilar a educação pública. “Hoje, ecoam de todo o país, milhões de vozes de estudantes, professores, pais e mães de alunos, exigindo fim dos cortes de recursos. A luta vai continuar”, disse.

A diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, pontuou que a luta dos estudantes já ganhou respaldo na sociedade brasileira. “Nós não aceitaremos os cortes de 30%. A UNE, os DCEs e os centro acadêmicos dizem ao Congresso Nacional, que receberá o ministro da Educação nessa tarde, que o recado está dado: se ele não der um passo atrás, nós daremos muitos à frente”, disse.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que já foi presidente da UNE, elogiou as manifestações de norte a sul do país, e disse que o governo quer promover a ignorância e fazer apologia às trevas.

O parlamentar lembrou da frase do líder estudantil Honestino Monteiro, preso político que sumiu na ditadura militar: “Diante da repressão, podem nos atacar, mas nós voltaremos, nos multiplicaremos e seremos milhões”.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) conclamou todos a lutar contra a privatização da educação e dizer ao ministro Abraham Weintraub, “responsável” pela pasta: “o senhor está demitido, por sua incompetência”.

O líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA) afirmou que a marcha dos estudantes deixou claro que a educação é fundamental para o Brasil, “porque esse governo não quer só acabar com a educação públicas e a pesquisa, mas com outros direitos”.