Os congressistas foram averiguar as condições do local onde o líder petista está confinado desde o dia 7 de abril deste ano. Todos salientaram o caráter de isolamento da prisão ilegal e a injustiça por ausência de provas no processo que conduziu Lula a reclusão.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado realizou uma diligência hoje nas dependências da Superintendência da PF de Curitiba e encontrou o presidente. Lula afirmou estar tranquilo, resiliente e pediu que a resistência também seja mantida do lado de fora da prisão.

Após solicitação feita pela senadora Vanessa Grazziotin (AM), líder do PC do B no Senado, a Justiça autorizou a vistoria da Comissão (CDH) na PF. O objetivo dos membros do colegiado é verificar se estão sendo cumpridas as questões relacionadas a direitos humanos na sala especial em que Lula está, além de observar as dependências onde estão os outros presos.

De acordo com a senadora, Lula está preso ilegalmente para mantê-lo isolado do processo político eleitoral. “Mantido numa solitária não está apenas a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O que eles tentam prender é um projeto de país. O que está preso ali numa sala, de forma ilegal, de forma injusta, é essa pessoa que significa o projeto de todos nós”, ressaltou Vanessa Grazziotin.

No entendimento da autora do requerimento de visita dos congressistas, o Brasil está vivendo um golpe de novo tipo. “Não é o canhão que eles colocam na rua. Não são os militares que saem na rua. É a justiça. Eles se utilizam da aparência de legalidade para derrotar esse projeto”, salientou a senadora.

Em decisão publicada nesta terça-feira (17), a juíza federal Carolina Lebbos impediu a presença de quatro parlamentares “por consequência lógica dele somente poderão participar membros integrantes de referida Comissão”. Pelo despacho da 12ª Vara Federal de Curitiba ficou vedado o uso de aparelhos eletrônicos dentro da sede da PF.

A senadora Regina Souza (PT-PI), presidente da Comissão, disse que não é possível dizer que quem está isolado esteja bem. “Ninguém está bem na prisão. Mas as condições que a gente veio verificar são razoáveis, da cela e tudo. O que é importante é que ele está isolado, uma coisa lá no último andar, fechado, solitário”, denunciou.

Segundo os organizadores do Acampamento Lula Livre, que estão em vigília desde que Lula se entregou, a presença dos senadores dá visibilidade as condições do local de reclusão onde se encontra o ex-presidente. Secretária de organização da União da Juventude Socialista (UJS) do Paraná, Maiara Oliveira pede que a população mantenha as atividades próxima à sede da PF e que ajude na divulgação das ações de resistência democrática.

Os membros da Comissão salientaram que Lula está aparentemente bem, mas indignado pela situação que o levou ao encarceramento. A senadora Fátima Bezerra (PT-RN), relatou que o ex-presidente demonstra tranquilidade quanto a sua inocência. Ela afirmou que o Lula está preocupado com a instabilidade política que o Brasil atravessa desde o golpe de 2016 que afastou Dilma Rousseff da presidência da República.

A Comissão do Senado deve elaborar um relatório sobre a inspeção na sede da Polícia Federal ainda nesta semana.

Na Câmara dos Deputados, a oposição criou uma comissão externa para acompanhar a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo, que terá a participação do líder Orlando Silva (PCdoB-SP) e a vice-líder da Minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), será formado por 10 parlamentares.

Estiveram presentes, os senadores Regina Sousa (PT-PI); Paulo Paim (PT-RS); Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); Lindbergh Farias (PT-RJ); Gleisi Hoffmann (PT-PR); Roberto Requião (MDB-PR); Paulo Rocha (PT-AM); João Capiberibe (PSB-AP); Fátima Bezerra (PT-RN); Lídice da Mata (PSB-BA); Humberto Costa (PT-PE); José Pimentel (PT-CE); Telmário Mota (PTB-RR); Angela Portela (PDT-RR) e Samuel Gomes dos Santos (assessor).