O racismo fez mais uma vítima no Brasil. Na noite de quinta-feira (19), às vésperas do Dia da Consciência Negra, comemorado nesta sexta-feira (20), em referência à morte de Zumbi dos Palmares, um homem negro foi espancado até a morte. João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi brutalmente agredido e morto por dois homens brancos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em uma unidade do supermercado Carrefour.

As imagens circulam nas redes sociais e geraram repúdio. Deputados do PCdoB repercutiram o caso, condenando a violência e cobrando a responsabilização do hipermercado pelo assassinato, além dos seguranças.

Para o deputado Orlando Silva (SP), enfrentar o racismo estrutural requer “um verdadeiro levante de mulheres e homens negros e brancos, que assumam sua postura antirracista. “Não basta ver isso e culpar os seguranças ou escrever hashtag no Twitter e achar que fez sua parte. Não! É preciso revolta e luta! As câmeras filmaram a selvageria. Não é possível não se revoltar contra tamanha covardia. Os seguranças assassinos devem ser punidos. Mas apenas isso não resolve! O racismo é parte da engrenagem do capitalismo. A empresa tem que responder pela conduta racista”, afirmou. “Jamais se teve notícia de algo semelhante contra um branco. Racismo mata”, completou.

A líder da legenda, deputada Perpétua Almeida (AC), também manifestou sua indignação. “Se você não se indignar, é porque já morreu por dentro! Na véspera do Dia da Consciência Negra, João Alberto foi espancado e morto por seguranças do Carrefour em Porto Alegre! O crime? Ele era negro! Racismo mata!”, reforçou.

De acordo com dados do Atlas da Violência 2020, divulgado em agosto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os casos de homicídio de pessoas negras (pretas e pardas) aumentaram 11,5% em uma década no Brasil. Enquanto isso, a taxa entre não negros (brancos, amarelos e indígenas) fez o caminho inverso, apresentando queda de 12,9%.   Os números explicitam o racismo estrutural que ainda perdura no país.

Todo dia um George Floyd no Brasil”, afirmou a deputada Jandira Feghali (RJ), em referência ao assassinato do ex-segurança George Floyd, em maio, em Minneapolis, nos Estados Unidos, que gerou uma onda de protestos contra o racismo. Assim como João Alberto, Floyd foi assassinado por um segurança branco.

Os dois responsáveis pelo crime contra João Alberto foram presos em flagrante. Um deles é policial militar e foi levado para um presídio militar. O outro é segurança da loja e está em um prédio da Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado. O Carrefour e a polícia não divulgaram os nomes dos agressores.

“Queremos justiça! Chega de racismo! Chega de violência! Até quando o Brasil vai naturalizar o assassinato de pessoas negras? Até quando vamos precisar lembrar que vidas negras importam? Até quando vamos noticiar casos como o de João Alberto? Chega! Dói o coração”, afirmou a deputada Alice Portugal (BA).

Daniel Almeida (BA) também condenou a naturalização dos crimes cometidos contra pessoas negras. “É muito doloroso ter que ler notícias assim (quase que diariamente). Não podemos naturalizar a violência contra pessoas negras, não há justificativa para tamanha crueldade. Justiça por João Alberto!”, cobrou.

O deputado Márcio Jerry (MA) afirmou que esta é mais uma “violência que agride a todos nós”.

Já o deputado Renildo Calheiros (PE) reiterou que não se trata de um caso isolado. "Até quando? Mais um homem negro foi espancado até a morte. Não se trata de um caso isolado. João Alberto foi vítima do racismo, da intolerância", alertou. 

Em nota, o Carrefour chamou ato de criminoso e anunciou o rompimento do contrato com a empresa que 'responde pelos seguranças que cometeram a agressão'.