Um policial militar pisa no pescoço de uma mulher negra para “imobilizá-la” durante uma ação em Parelheiros, no extremo sul da capital paulista. A imagem, veiculada no Fantástico deste domingo (12), remete ao assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, e aconteceu no dia 30 de maio, apenas cinco dias após o caso norte-americano, que ganhou repercussão mundial.

As imagens mostram o excesso da ação policial nas comunidades brasileiras e para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), explicitam o racismo nas abordagens policiais no país.

“Um policial pisou no pescoço de uma mulher negra, indefesa, que foi interceder por um amigo agredido. Foi em Parelheiros, bairro pobre do extremo sul. Alguém consegue imaginar um policial pisando no pescoço de uma senhora branca, moradora dos Jardins? Não. Isso é o racismo”, afirmou.

Após a repercussão da notícia, o governador de São Paulo, João Doria, declarou que os policiais já foram afastados e responderão a inquérito.

Para o deputado Orlando Silva, no entanto, o afastamento, apesar de importante, não basta. “Casos como este viraram rotina, crimes cometidos por policiais contra pobres e negros. A Polícia Militar precisa rever suas abordagens, maus policiais devem ser punidos. Não podemos tolerar! Não conseguimos respirar”, disse.

O caso

Um vídeo gravado por moradores, exibido pelo Fantástico, da TV Globo, no domingo (12), mostra uma sequência de ações da Polícia Militar durante uma ocorrência na tarde de 30 de maio, um sábado, em Parelheiros, por causa de um cliente cujo veículo estava com som em alto volume.

A dona do bar, viúva, com cinco filhos e dois netos, foi agredida por um dos policiais ao tentar defender um amigo, que foi dominado pela PM e estava imobilizado no chão. Ela afirma ter pedido ao policial para não bater mais no homem, que já estaria desfalecido e havia sido agredido com joelhadas no rosto.

Um segundo policial, que estava armado e abordando outras pessoas, aproximou-se da mulher e a empurrou contra uma grade. A vítima diz ter sido agredida com três socos e derrubada com uma rasteira. Na queda, ela teria fraturado a tíbia, um osso da perna.

O vídeo não mostra essa parte da cena, mas na sequência, a mulher aparece deitada de bruços, no meio-fio, ao lado de um carro e sendo imobilizada por um policial militar que pisa em seu pescoço. O policial chega a apoiar todo o peso do corpo sobre a vítima.

Depois, o policial a algema e a arrasta até a calçada. No relato, a comerciante diz que desmaiou quatro vezes e que se debatia, mas a violência não parava. “Quanto mais eu me debatia, mais ele apertava a botina no meu pescoço”, contou.

Os dois PMs ficarão afastados durante a apuração do caso. A Secretaria da Segurança Pública diz que não compactua com esse tipo de comportamento.