O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (7), durante pronunciamento no Palácio do Planalto, que "acabou" com a operação Lava Jato porque, no governo atual, não há corrupção a ser investigada. A declaração foi feita enquanto Bolsonaro elogiava a própria gestão – na qual, segundo ele, as pessoas são confiáveis e não há interessados em "criar dificuldade para vender facilidade".

Para os deputados do PCdoB, as últimas movimentações do Planalto e as mudanças de opinião de Jair Bolsonaro quanto à Operação Lava Jato e mesmo sobre as recentes “práticas políticas” do presidente deixaram claro que a corrupção nunca foi uma preocupação do atual mandatário brasileiro.

“Corrupção? Que nada, ele nunca se preocupou com isso, tanto que esbanja mamatas familiares e milicianas. Bolsonaro usou a Lava Jato, que se fez cúmplice dele por meio de Sergio Moro & Deltan Dallagnol, e agora diz que abusou”, afirmou o vice-líder da legenda, deputado Márcio Jerry (MA).

Ao comentar trecho do vídeo que circula na internet com a declaração de Bolsonaro, a deputada Alice Portugal (BA) afirmou que “é muito cinismo para uma pessoa só”, em referência aos casos envolvendo o nome do presidente e de sua família em atos ilegais.

A deputada Jandira Feghali (RJ) também ironizou a declaração de Bolsonaro. Em sua conta no Twitter, a parlamentar publicou um meme com uma paisagem “perfeita” onde tem escrito que “acabou a corrupção no Brasil” e afirmou: “que lindo dia para um delírio”.

A declaração de Bolsonaro foi uma resposta às críticas de aliados lavajatistas pelo fato dele ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) abertamente contrários à operação tocada pelo ex-aliado e ex-juiz da Operação, Sergio Moro.

A declaração sobre a Lava Jato foi o suficiente para reacender o embate com seu ex-ministro da Justiça. Sem citar diretamente o mandatário, Moro afirmou que as tentativas de acabar com a operação significam a volta da corrupção e o “triunfo da velha política”.

“As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?”, escreveu o ex-juiz.

A fala desta última quarta também contraria a relação de defesas já feitas pelo presidente durante a corrida eleitoral, em 2018. Na época, ele chegou a fazer diversos elogios públicos à Operação e a indicar, antecipadamente, Moro como seu ministro. Em abril deste ano, no entanto, Moro rompeu com o governo e pediu demissão do cargo. Ao anunciar a saída, acusou Bolsonaro de interferir politicamente na autonomia da Polícia Federal, corporação responsável por operações como a Lava Jato.