A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público realizou, nesta terça-feira (6), audiência pública sobre o desejo do governo Bolsonaro (PSL) de privatizar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A reunião, conduzida pela deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), que preside o colegiado, atendeu a um requerimento de Erika Kokay (PT-DF).

Em seu pedido, a parlamentar de Brasília alegou que a "proposta do governo de privatizar o órgão gera insegurança jurídica, pois traz inúmeras perdas com o fechamento de agências e a situação dos trabalhadores".

Convidado a prestar esclarecimentos, o ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia – pasta onde está alocada a estatal) – disse que, até o momento, não há nenhum documento oficial em andamento para a privatização da empresa. Segundo ele, o que existe de “determinação” é “trabalhar para que os Correios sejam sustentáveis, para que a empresa cresça”.

Além do ministro, participaram da audiência o presidente da empresa, general Floriano Peixoto, funcionários e representantes dos sindicatos dos carteiros. No evento, o general também disse que não há processo de privatização em curso. Mas apresentou dados de estudos sobre “alternativas de desestatização”.

As falas de ambos contradizem declarações que vêm sido repetidas por Bolsonaro. Em um evento nesta manhã em São Paulo, o presidente disse "vamos privatizar os Correios". A declaração ocorreu na sua apresentação, quando viu na plateia o correligionário e deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP), conhecido como "Carteiro Reaça".

Durante a audiência na comissão de Trabalho, Pontes foi interpelado pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP) sobre as declarações conflitantes. "Não sei exatamente o que ele [Bolsonaro] falou, mas estou transmitindo a informação dele de ontem", declarou o ministro.

A presidente da comissão, Professora Marcivania, disse que vai formar grupo de trabalho, com presença de trabalhadores, para acompanhar o tema e debater o fortalecimento da empresa. “Esse é um assunto que precisa ser discutido à exaustão”, defendeu.

“Os Correios prestam um serviço de qualidade à população. Então, não tem ineficiência. Pode ter tido má gestão em alguma ocasião, coisa que é preciso corrigir, mas no sentido de fortalecer esta empresa que presta relevantes serviços ao povo brasileiro”, afirmou.