O anúncio foi feito por líderes estudantis e sindicais durante ato gigantesco realizado nesta sexta-feira (12) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Segundo os organizadores, foram mais de 50 mil pessoas entre estudantes, professores e trabalhadores.

“Nós vamos sair do Congresso da UNE para convocar o dia 13 de agosto como o terceiro grande dia nacional do tsunami da educação, vamos mobilizar novamente mais de 200 municípios para colocar estudantes nas ruas de todo o Brasil”, disse o estudante de economia da USP, Iago Montalvão, forte candidato a dirigir a entidade pelos próximos dois anos.

Os participantes do Congresso, que reúne cerca de 15 mil alunos na capital federal, compareceram em peso no ato e depois marcharam para a Universidade de Brasília (UnB), local do encontro. Representantes de partidos de esquerda e parlamentares discursaram no evento.

“Oh Bolsonaro/Queria te dizer/Os estudantes estão na rua e vão derrubar você”, gritavam os manifestantes que começaram o ato no Museu Nacional para seguir em passeata até o gramado em frente ao Congresso Nacional.

Em apoio aos trabalhadores soava outra palavra de ordem: “Eu tou na rua/Sou resistência/Contra a reforma da Previdência”.

O presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Pedro Gorki, afirmou que o movimento estudantil secundarista, universitário e pós-graduando não vai deixar que a educação fique em segundo plano no projeto de nação.

“Não sairemos da rua porque queremos que a educação seja vista pela população como prioridade para construção de um país digno, desenvolvido e principalmente soberano”, prometeu.

O diretor da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Railton Nascimento, diz que a união entre estudantes e trabalhadores é fundamental. Segundo ele, a luta vai continuar por todo mês de agosto com o ato marcado para o dia 13. “Faz parte dessa agenda a Marcha das Margaridas no dia 14”, lembrou o dirigente.

“Nós da CTB vamos construir o dia 13 de agosto num ato muito maior ainda para dizer que vamos lutar até o fim contra o desmonte do estado democrático de direito e da seguridade social do povo brasileiro”, prosseguiu.

Ele ainda destacou o papel do movimento estudantil nas manifestações do dia 15 e 30 de maio e o apoio à greve geral do dia 14 de junho. “Estamos aqui em Brasília e tomamos o eixo monumental para dizer que a resistência vai continuar”.

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que o movimento estudantil é quem tem comandado a resistência no país como demonstrado nos atos passados. “As manifestações aconteceram por força da juventude e também das centrais, mas fundamentalmente do movimento estudantil. Isso é ótimo porque gera renovação”, elogiou.

Apoio político

Ex-presidente da UNE, o deputado Orlando Silva (SP), representante do PCdoB no evento, saudou a coragem dos estudantes em enfrentar Jair Bolsonaro. Destacou o papel da presidenta da UNE, Mariana Dias, e de Pedro Gorki, como a geração que ficará para história por causa da jornada de luta em defesa da educação.

“Nos momentos de crise, nos momentos em que tentam atacar a democracia, ferir nossa soberania e tirar os nossos direitos, a juventude brasileira se levanta”, discursou no carro som do evento.

Para ele, a mobilização dos estudantes e trabalhadores é fundamental para reverter as derrotas na votação da proposta de reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Nós somos minoria no Congresso hoje, mas seguramente nas ruas nós somos maioria”, afirmou.

A vice-líder da Minoria, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) saudou a presidenta da UNE, Mariana Dias, e ressaltou que ítens fundamentais da constituição têm a digital da União Nacional dos Estudantes, como o direito do jovem votar aos 16 anos. “A União Nacional dos Estudantes jamais deixou de levantar a bandeira da universidade pública gratuita de qualidade e se coloca de pé em defesa da democracia”.

O líder do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA) também destacou a importância da UNE na defesa da educação e da democracia. “A gloriosa UNE nunca abandonou a defesa da democracia no nosso país, sempre trouxe a contribuição rica, de conteúdo, de mérito sob todos os debates relacionados à valorização da educação. Quero saudar a rebeldia salutar vibrante e corajosa da UNE, que nesse momento político não aceita essa reforma da previdência, o desmonte dos direitos dos trabalhadores e aquilo que é mais violento neste momento, que é impedir que as universidades públicas funcionem. Viva a UNE”.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), anunciou que o ex-presidente Lula mandava “um abraço caloroso” aos estudantes. “Vocês deram orgulho ao povo brasileiro no dia 15 e 30 de maio quando foram às ruas abrir alas para os trabalhadores. Os estudantes nunca faltaram à nação brasileira nos principais momentos da história, nos momentos mais críticos vocês estavam à frente das manifestações. Foi assim na ditadura militar e vai ser assim no governo Bolsonaro”, discursou a deputada.

Ela disse aos estudantes para não esperar que sai do Congresso qualquer proposta a favor do povo brasileiro, porque lá está a extrema direita e a direita liberal que dão sustentação ao governo do atraso. “Como disse Lula é o governo da destruição”, afirmou.

Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e ex-candidato a presidente da República, Guilherme Boulos, também ressaltou o papel do movimento estudantil na resistência ao governo Bolsonaro.

“Vocês foram responsáveis pela maior mobilização nesse semestre contra esse desgoverno do Bolsonaro. Vocês lavaram a alma do povo brasileiro no dia 15 e 30 de maio parando esse país em defesa da educação. Isso se consolida hoje nesse grande Congresso da UNE, quero parabenizar a UNE pela mobilização”, discursou.

Guilherme Boulos ressaltou que todos estavam ali para defender o legado de Paulo Freire, defender negros e negras nas universidades, as cotas, a assistência estudantil e o fortalecimento das universidades e dos institutos federais. Por fim, mandou um fora Bolsonaro, Sérgio Moro e Lula Livre.