A violência que dá o tom da campanha de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) à Presidência da República vem ganhando as ruas desde o primeiro turno das eleições e deixando vítimas pelo caminho. Desde domingo (7), várias agressões e um assassinato protagonizados por eleitores de Bolsonaro ganharam os noticiários, mas o candidato – que foi vítima de uma facada durante sua campanha – afirmou apenas que lamenta, mas que não tem nada a ver com episódios registrados no país que teriam sido motivados por seus simpatizantes.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Bolsonaro não liga para as mortes e agressões que surgem derivadas de sua campanha de ódio.

“Esse é o Brasil que o candidato do fascismo quer? Ele não liga para as mortes e agressões que surgem derivadas de seu ódio! Toda solidariedade à irmã de Marielle e sua família!!!”, afirmou a parlamentar em sua conta no Twitter, lembrando que a irmã de Marielle Franco, a vereadora assassinada no Rio de Janeiro, relatou em sua página no Facebook ter recebido gritos no rosto enquanto andava na rua com sua filha de dois anos no colo, sem roupa de político, partido ou bandeira.

No dia seguinte às eleições (8), o mestre de capoeira e ativista cultural negro Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, foi assassinado por 12 facadas pelo barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, que confessou ter agido por discussão política, na Bahia. O capoeirista teria declarado voto em Haddad, o que motivou o ataque de Santana. A perícia identificou que as 12 facadas proferidas pelo criminoso atingiram a região das costas de Katendê. Um amigo do mestre de capoeira, que tentou defendê-lo do ataque, também ficou ferido.

Já em Maringá, no Paraná, um rapaz de motocicleta quebrou uma janela de carro e feriu a presidenta de um sindicato local, o Sindaen, Vera Pedroso. O agressor usava uma motocicleta com adesivo de Bolsonaro. Ele foi preso pela polícia, chorou e disse que agrediu porque não gosta do PT.

No Piauí, um estudante de arquitetura também foi atacado por eleitores de Bolsonaro; assim como uma jornalista do Jornal do Commercio, de Pernambuco, que foi agredida e ameaçada de estupro por dois homens, um deles com camiseta de Bolsonaro, na tarde da eleição. Segundo a vítima, os agressores afirmaram que "quando o comandante ganhasse, a imprensa toda ia morrer".

Esses são apenas alguns relatos de violência protagonizados por eleitores de Bolsonaro desde o dia 7. Para Feghali, a onda de violência tende a aumentar, dado o perfil do próprio candidato, conhecido por incitar a violência.

Retrocessos

Jandira também ressaltou a possibilidade de retrocessos dos direitos trabalhistas com um eventual governo Bolsonaro. “Podemos evitar esse desastre desta vez, antes que seja tarde para o povo mais pobre”, acrescentou.

Vale lembrar que Bolsonaro votou a favor da famigerada Reforma Trabalhista, que retirou tantos direitos dos trabalhadores e durante sua campanha já anunciou que não revogará a medida defendida no governo de Michel Temer. "O empresariado tem dito para mim: o trabalhador vai ter que, um dia, decidir, menos direito e emprego ou todos os direitos e desemprego. Pelo que me parece, isso é uma realidade", afirmou Bolsonaro em entrevista ao programa de Mariana Godoy, na Rede TV.

Além disso, durante a campanha, o vice na chapa de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão, defendeu o fim do 13º salário, em palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, no final de setembro, afirmando que é uma "jabuticaba brasileira", uma "mochila nas costas dos empresários" e uma "visão social com chapéu dos outros".

A parlamentar também criticou a proposta de Bolsonaro de liberar o porte de armas para a população. "O Brasil precisa de um futuro de desenvolvimento! E isso não se faz com armas e mais violência!", disse.

*Com informações de agências