O resultado da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania já era esperado. Agora, deputados da Oposição apostam na pressão das ruas para garantir um placar diferente no Plenário, que tem votação marcada para quarta-feira (25).

“Sabíamos que na CCJ era um jogo de cartas marcadas, com muitas trocas de cartas, inclusive. Isso significa que o desgaste, a repercussão da opinião pública e a pressão nos deputados têm levado a essa diminuição da capacidade de resistência de Temer. Somado a isso, comenta-se também da diminuição da sua capacidade de responder às exigências desta base de apoio que foi construída sobre o fisiologismo. Mas para virarmos o jogo no Plenário, a pressão popular precisa ser intensa. Este é o verdadeiro fator de desequilíbrio destas forças retrógradas que tomaram conta do país sem o respaldo do voto popular”, alerta a líder comunista, Alice Portugal (BA).

Para que a Câmara autorize o prosseguimento da denúncia contra Temer, pelo menos 342 deputados terão que ser favoráveis à ideia. Na primeira denúncia, Temer garantiu sua “salvação” a base de liberação de emendas, edição de medidas provisórias beneficiando ruralistas, negociação de cargos. Desta vez, a munição foi a mesma, mas com menor intensidade e com rachas entre aliados.

Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), a correlação de forças vem mudando gradativamente. “A situação vem lentamente mudando de forma desfavorável ao governo, que tem encontrado dificuldade de manter coesão na sua base. Já começa a se constituir um novo movimento dentro da base do governo colocando em risco a sobrevivência do Temer. A própria desavença com Maia é um indicativo. Não sabemos se teremos votos suficientes, mas tudo indica que esta denúncia será diferente”, avalia o parlamentar. 

Painel da Transparência

Na última semana, um painel com as possibilidades de votação da denúncia foi lançado na Câmara. A ideia era expor a posição dos 513 parlamentares. Até agora, no entanto, a adesão foi pequena, com menos de 200 parlamentares expondo sua opinião, sendo que desses, a maioria quer a investigação de Temer.

A participação cresceu um pouco após a votação na CCJ, que foi classificada pelo líder do PSol, Glauber Braga (RJ), de “nojenta”. No entanto, de acordo com o parlamentar, a ideia é que a pressão popular faça, inclusive, com que os deputados mostrem de que lado estão. 

“A gente quer que os deputados digam claramente se estão querendo blindar o Temer, se estão em cima do muro ou se querem investigar o Temer. Na CCJ, a turma do Planalto conseguiu blindá-lo mais uma vez, mas no Plenário pode ser diferente. Mas para a gente virar esse jogo, só com muita pressão popular”, disse.

O painel fica disponível todos os dias em um dos corredores centrais da Câmara para que os deputados colem sua foto na indicação de voto desejada. Apenas 47 parlamentares tiveram coragem até o momento de declarar voto favorável à salvação do peemedebista.