"1, 2, 3, 4, 5, mil. Que viva o Partido Comunista do Brasil Comunista do Brasil!” O grito de guerra puxado pela militância do PCdoB e por parlamentares da legenda ecoou na Câmara dos Deputados na tarde desta quarta-feira (25), marcando o tom das comemorações dos 93 anos de fundação do partido e seus 30 anos contínuos de legalidade desde a redemocratização.

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), a existência oficial do PCdoB deve ser entendida também como “termômetro” da democracia. “Quando a democracia sucumbe ao autoritarismo, o primeiro partido cassado é o Partido Comunista. E quando ela começa a florescer, o partido ganha sua legalidade. Comemoramos, hoje, os 93 anos do partido mais antigo do país e seu período de maior legalidade. Mas é preciso lembrar que a existência legal do PCdoB foi uma conquista sofrida, difícil, pois muitos ficaram pelo caminho, assassinados pelos regimes autoritários. Recuperamos nossa história e cada vez mais temos o dever de dar continuidade à luta política no Brasil”, diz.

A ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, corroborou com a fala de Jandira. Para ela, o partido “é importante e estratégico” em todo o desenvolvimento da democracia do país. “Esse ato é absolutamente pertinente no momento em que este país vive. Onde o ódio e a intolerância têm florescido. É importante nessas horas lembrarmos da história do nosso país, pois aqui não se repetirá mais o autoritarismo, o golpe e a ilegalidade daqueles que lutam em defesa dos que mais precisam”, afirma.

Fundado em 25 de março de 1922, o partido viveu boa parte de sua história na clandestinidade, com seus militantes proibidos de assumir publicamente seus ideais por causa da repressão. Em vários momentos teve seus membros perseguidos, presos, torturados e muitos foram assassinados. Tudo, por defenderem a liberdade, a justiça social, os interesses de quem nunca havia tido vez e voz.

“Nós passarmos a maior parte do tempo na clandestinidade e estarmos firmes hoje, comemorando 93 anos, mostra que as bandeiras defendidas pelo nosso partido têm futuro e estão encarnadas na sociedade brasileira”, afirma Haroldo Lima, deputado constituinte e homenageado deste ano.

Luciana Santos (PCdoB-PE), vice-presidente nacional do PCdoB, reforça o argumento de Haroldo e lembra que o partido participou de lutas estratégicas para o Brasil. “Em todas as proposições que significavam – e significam – avanços e conquistas para o povo, estivemos e estamos lá. Escrevemos belas páginas da nossa história e elas revelam que o nosso Partido não se mede pelo tamanho, mas pelo vigor de sua luta.”

Um partido em defesa do país

Uma das conquistas recentes da legenda foi a vitória no Maranhão nas eleições de 2014. Pela primeira vez em sua história, o PCdoB elegeu um governador. Com mais de 60% dos votos válidos, Flávio Dino acabou no primeiro turno, com décadas de desmandos da família Sarney. Presente no ato na Câmara dos Deputados, Dino afirmou que o partido só conseguiu fazer esta “virada histórica”, porque teve ousadia e respeito aos aliados. O governador maranhense destacou ainda o papel importante da legenda neste momento político.

“O PCdoB é um partido imprescindível ontem e hoje, porque tem essa trajetória de coerência da luta democrática, patriótica, sindical, popular, juvenil. É também, o partido que, neste momento, está no Parlamento defendendo a reforma política democrática, com fim do financiamento empresarial de campanha, que luta contra a redução da maioridade penal. É o partido que defende a constitucionalidade, a democracia e que repudia vivamente todos aqueles que, de modo aberto ou não, defendem a ruptura institucional”, afirma Dino.

Gilse Cosenza, militante histórica do partido, presa política e também homenageada neste ato, falou também de ousadia e de amor. Aos 16 anos, contou, descobriu que sua vida precisava “valer a pena”. Foi quando começou sua militância. Nem as torturas físicas e psicológicas sofridas na ditadura abalaram a convicção da juventude.

Hoje, aos 71 anos, reafirmou seu compromisso com seus ideais de outrora. “A vida só vale a pena se a gente souber lutar, mesmo que a gente tenha passado da juventude, enquanto nós estivermos gritando por este Brasil, pelo PCdoB, digo para vocês, que a que gritou com 16 estará gritando sempre.”

Parlamentares de diferentes legendas também participaram do ato e reafirmaram a importância do PCdoB na vida política brasileira. Legendas como PMDB, PT, PSB, PSD, PSol, PDT tiveram vez e voz no ato comemorativo e deixaram seu recado. Ouça a íntegra dos discursos aqui.