Deputados e senadores da oposição consideraram grave o conteúdo da entrevista deste domingo (17) do empresário Paulo Marinho para o jornal Folha de São Paulo.

Ex-aliado e suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), Paulo Marinho revelou que um delegado-informante da Polícia Federal (PF) teria antecipado ao filho do presidente informações sobre a Operação Furna da Onça, que atingiu Fabrício Queiróz.

A operação chegou a ser adiada para não prejudicar a campanha de Bolsonaro no segundo turno contra Fernando Haddad (PT).

Para a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), a entrevista de Marinho explicita a atuação criminosa de Bolsonaro. "Isso só prova que Bolsonaro foi eleito de forma criminosa e que governa também de forma criminosa e precisa ser detido. Vou acionar a PGR para que inclua a oitiva do empresário no inquértio junto ao STF e vou chamá-lo pra ser ouvido na Câmara dos Deputados também. O Brasil precisa conhecer esse depoimento e a Câmara precisa apurar", afirmou a líder do PCdoB.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que a entrevista de Marinho indica que essa é a razão da obsessão de Jair Bolsonaro em interferir na PF, particularmente na superintendência do RJ.

“Lembram quando ele disse que ‘não iria visitar o filho na Papuda’? Pois é, talvez ainda acabem sendo companheiros de cela”, afirmou o deputado.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) disse que as revelações do suplente inauguram mais um capítulo dessa longa novela de malfeitos graves da família Bolsonaro e ajudam a esclarecer a obsessão do presidente com a PF no Rio de Janeiro. “Mais luzes também no conluio para eleger Bolsonaro”, completou.

CPI é cogitada

“Bomba. Bomba. Suplente de Flávio Bolsonaro confirma que ele e o pai foram avisados pela PF da operação Furna da Onça, que revelou rachadinhas na Alerj e o caso Queiroz. Paulo Marinho tb revelou que PF segurou a operação p/ dps do 2º turno p/ não interferir nos resultados das eleições”, escreveu o líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) diz que vai ser necessário uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso.

“Bolsonaro havia dito que as eleições tinham sido fraudadas. Ele tinha razão, mas quem participou de fraude foi a família dele! As evidências estão aí: as eleições de 2018 foram manipuladas para favorecer o atual presidente! CPI já pra investigar!”, postou no Twitter.

O senador Humberto Costa (PT-PE) avalia dois fatos graves na entrevista. “Suplente de Flávio Bolsonaro, Paulo Marinho, afirma que integrantes da PF informaram a Flávio sobre operação seria deflagrada contra Queiroz. E mais: a ação só foi feita depois da eleição para não atrapalhar a candidatura do seu pai.”

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) a matéria da Folha revela que a interferência de Bolsonaro e de sua família na Polícia Federal já ocorria antes mesmo do início de seu governo. “As revelações feitas por Paulo Marinho são gravíssimas!”, considerou.

O senador diz que vai peticionar ao inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido para que Paulo Marinho seja ouvido.