A rede de mentiras da família Bolsonaro começa a ser desmantelada. A decisão do Facebook de remover dezenas de contas falsas comprova a existência do gabinete do ódio dentro do Palácio do Planalto e demonstra que operadores do esquema são funcionários pagos com dinheiro público.

É urgente que a Polícia Federal solicite detalhes à plataforma. Há muitos fatos que podem ser esclarecidos a partir do mapeamento das informações falsas divulgadas, conectando perfis falsos e antessala presidencial. O período em que ocorreu essa disseminação pode trazer elementos fundamentais também.

Nós da Bancada do PCdoB na Câmara entramos com notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o caso seja investigado no inquérito das fake news, conduzido pelo ministro Alexandre Moraes.

Uma das questões a serem respondidas é se houve uso de recursos públicos e corrupção de agente público. É inaceitável que funcionário do Palácio do Planalto seja peça-chave na fraude. A equipe do Facebook conectou o assessor especial do presidente da República, Tércio Arnaud Tomaz, a uma rede de contas falsas no Face: 35 contas, 14 páginas e um grupo. E no Instagram: 38 contas. Há ainda cinco ex e atuais assessores de parlamentares bolsonaristas, incluindo o filho zero 3, Eduardo. O senador Flávio Bolsonaro também estaria envolvido.

Muitos dos posts falsos eram publicados em horário de expediente. Entre os perfis falsos, havia os que se passavam por repórteres ou cidadãos indignados com o noticiário.

É preciso investigar se existe um mesmo modus operandi da família Bolsonaro. É esquema das rachadinhas do Queiroz nos gabinetes do pai e do filho e agora o uso da estrutura da Presidência da República em proveito próprio.

Usar dinheiro público para rachadinhas e atacar adversários é corrupção. Manipular informações e desinformar os brasileiros para favorecer um governo nocivo ao país não é liberdade de expressão. É mais uma afronta à democracia. Em plena pandemia, é crime fazer as pessoas acreditarem que telejornais inventaram mortes por coronavírus.

Bolsonaro tem de governar e encarar a realidade. Já são mais de 70 mil mortes e mais de 1,8 milhão de infectados pelo vírus. Não é gripezinha nem chuva que atinge alguns. Quando o Executivo vai parar de cometer crimes e apresentará um plano para salvar vidas e defender a economia nacional? Esperamos que não seja tarde demais.

*Deputada federal pelo Acre e líder do PCdoB na Câmara.