Após ter a nomeação para diretor-geral da Polícia Federal (PF) de Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente, barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Bolsonaro nomeou para o cargo Rolando Alexandre de Souza, subordinado de Ramagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A escolha foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União desta segunda-feira (4). O termo de posse foi assinado em uma cerimônia reservada no gabinete de Bolsonaro, 20 minutos após a publicação.

O nome foi uma indicação do próprio Ramagem ao presidente e foi visto por parlamentares da Oposição como nova tentativa de blindagem do núcleo familiar do presidente da República.

“Bolsonaro afronta a sociedade e as nossas instituições mais uma vez. Está ‘batendo o pé’ e não faz qualquer segredo em demonstrar que o critério para ser o novo diretor da PF é ser amigo e, por conseguinte, protetor da sua família”, disse a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP).

A nova indicação acontece após denúncia de Sergio Moro de interferência política de Bolsonaro no órgão para obter informações sobre investigações em andamento na PF. Conforme publicado na imprensa, uma investigação do STF e da PF poderia levar à participação dos filhos do presidente num esquema criminoso de propagação de fake news.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), Bolsonaro continua governando apenas para os seus. “Enquanto o Brasil ultrapassa a marca de sete mil mortes e mais de 100 mil infectados pelo coronavírus, a preocupação de Bolsonaro é salvar a sua familícia e seu mandato. Não tem nenhum plano para proteger a vida das pessoas nessa pandemia”, protestou.

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), ao nomear um indicado de Ramagem para o cargo, Bolsonaro mantém sua intenção de “aparelhar a PF para uso político”. “Precisamos impedir que Bolsonaro aparelhe este importante órgão. Por isso, precisamos de uma investigação sobre todos esses fatos no Congresso. É urgente a instalação de uma CPI com este fim”, afirmou.

O líder da Oposição na Câmara, deputado André Figueiredo (PDT-CE), também acredita que o governo quer blindar os filhos de possíveis investigações. “Nomear o número 2 da Abin (quando o que queriam era o número 1) pra diretor-geral da PF é mais uma demonstração que Bolsonaro quer blindar os filhos das investigações”, criticou.

“Bolsonaro acaba de nomear o braço direito de Alexandre Ramagem para o comando da PF. O presidente segue com seus ataques para tentar transformar a corporação numa polícia a serviço de sua família”, protestou o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ).