Deputados da Oposição e da base do governo estiveram juntos em audiência pública com a presença de vários trabalhadores do grupo Eletrobras para mostrar posição contrária à privatização das estatais de energia elétrica. O governo anunciou a venda de subsidiárias da empresa nos estados em agosto e previu R$ 12 bilhões de arrecadação no Orçamento de 2018.

Na audiência, que lotou o auditório Nereu Ramos nesta quarta-feira (29), a proponente do debate, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), falou da importância de se defender o sistema Eletrobras. “Estamos aqui defendendo um setor estratégico para a soberania do país. A água é um patrimônio nosso e a energia é um instrumento fundamental de soberania. Estamos juntos com vocês, dispostos a fazer o que for preciso para que não seja entregue a maior hidrelétrica da América Latina”, disse a parlamentar aos trabalhadores presentes ao debate.

Para Jô, além da entrega que o governo Temer vem promovendo, existe uma preocupação “com o possível aumento da presença e do controle econômico de grupos estrangeiros na Região Amazônica, estratégica para o Brasil”.

Correligionário de Temer, o vice-líder do governo no Congresso e coordenador da frente de Furnas, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), considerou um erro do governo propor a venda do sistema Eletrobras.

"O governo erra ao fazer esta entrega do patrimônio público brasileiro, do povo brasileiro, para empresas públicas de outro país, certamente empresas chinesas. Então, o governo chinês vai entrar dentro do nosso país, comprar a preço de nada o patrimônio que foi construído durante décadas? Não faz sentido", criticou.

A vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reforçou a amplitude desta luta, apontando as participações do debate. No entanto, para ela, é hora desta base ajudar a frear o ímpeto entreguista do governo Temer.

“Sabemos que no período de FHC esse modelo já havia sido implementado. Eles retomam agora esse processo de desestruturação do Estado brasileiro, mas em outro patamar. Num patamar onde as corporações transnacionais têm um peso imenso e onde nós devemos nos submeter à situação de colônia. As privatizações e a entrega do patrimônio brasileiro fazem parte desse processo. Mas não podemos permitir e para isso, precisamos de uma parcela importante do Parlamento. Nesse momento temos condições impor algumas derrotas a este governo. A previdência é uma, privatização da Eletrobras é outra. Vamos nos unir para interromper este processo”, destacou.

Ex-diretor da Chesf Mozart Bandeira destacou a importância do sistema Eletrobras para a população brasileira. Mozart lembrou que quando a Eletrobras foi criada, no governo de Getúlio Vargas, eram empresas privadas e estrangeiras que forneciam energia elétrica. “A Eletrobras foi criada para trazer desenvolvimento no setor ao Brasil. E o faz. É um sistema que está presente no Brasil inteiro e é claro que o mundo está de olho, pois é muito fácil ganhar dinheiro com insumos básicos da população, como energia, água. Mas na hora que você deixa o mundo privado controlar o sistema elétrico, é natural que se formem cartéis para que tenham resultados melhores. Não podemos permitir”, destacou.

Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado do Amazonas, Edney Martins, lembrou que a privatização levará ao aumento das tarifas de energia e reduzirá os investimentos para as populações que vivem em regiões de difícil acesso.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) reforçou a importância da mobilização para a greve geral do dia 5 de dezembro. Segundo ela, “é preciso que os parlamentares tenham a força das ruas para impedir a tempestade de absurdos propostos pelo governo Temer”.

Referendo

Vários participantes da audiência defenderam uma pressão maior para a votação pelo Plenário da Câmara de proposta que prevê um referendo popular antes da venda das usinas (PDC 948/01).

O texto foi aprovado nesta terça-feira (28) na Comissão de Constituição, de Justiça e de Cidadania da Câmara.