O chargista Renato Aroeira virou alvo do governo Bolsonaro, após publicar uma crítica ao presidente da República. Na charge, Bolsonaro pinta a suástica numa cruz vermelha, enquanto incita a invasão de outro hospital, numa alusão direta às recentes falas de Jair Bolsonaro, em que o presidente pede a seus aliados que entrem nos hospitais com pacientes infectados pelo coronavírus para fazer gravações.

Apesar de amparada na Constituição Federal, o episódio rendeu um novo ataque à liberdade de expressão. O governo, por meio de seu ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, pediu à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República (PGR) a abertura de inquérito para investigar a charge de Aroeira que associa Bolsonaro ao nazismo.

“Solicitei à @policiafederal e à “MPF_PGR abertura de inquérito para investigar publicação reproduzida no Twitter ‘Blog do Noblat’, com alusão da suástica nazista ao presidente Jair Bolsonaro. O pedido de investigação leva em conta a lei que trata dos crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, em especial seu art. 26”, justificou Mendonça em uma rede social.

A ofensiva do governo, no entanto, ampliou a visibilidade da charge, que vem sendo amplamente difundida em veículos brasileiros e do exterior.

Deputados também se solidarizaram com Aroeira e com o jornalista Ricardo Noblat, que reproduziu a charge e também entrou na mira do governo.

“Para Bolsonaro crítica agora é crime. Invadir hospitais não. Entre mentiras, irresponsabilidades e autoritarismo já são quase 1 milhão de brasileiros doentes, atingidos pela Covid-19. #BolsonaroGenocida”, tuitou o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a “intimidação, a tortura, a perseguição e a censura não calaram as vozes num período triste da história” do país e “não calarão agora”. “Viva Aroeira. Liberdade para suas críticas, sempre. Inaceitável a repressão do governo, ainda mais via Lei de Segurança Nacional”, destacou.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) destacou que essa ação “é uma absurda tentativa de intimidação ao jornalismo e à liberdade de expressão, prática típica de mentes autoritárias que se acostumaram à impunidade”.