A Câmara dos Deputados entregou nesta quarta-feira (6), os diplomas do Prêmio Mulheres na Ciência Amélia Império Hamburger 2022 às cientistas Jaqueline Goes de Jesus (BA), Natalia Pasternak Taschner (SP) e Erika Parlato de Oliviera (MG). As vencedoras foram escolhidas em votação direta e secreta por um conselho deliberativo e se destacaram por suas contribuições para a pesquisa científica nas áreas de ciências exatas, ciências naturais e ciências humanas.

Indicada pelas deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA) e Lídice da Mata (PSB-BA), a biomédica Jaqueline Goes de Jesus foi uma das pesquisadoras responsáveis por sequenciar o DNA da Covid-19 dos primeiros casos da doença na América Latina. A descoberta foi essencial para descobrir o processo de mutação do vírus e para o aprimoramento no combate da doença.

O trabalho da cientista também ganhou destaque pelo tempo recorde no sequenciamento do código genético da Covid-19: em apenas 48 horas, tempo bem menor do que a média padrão mundial, que era de 15 dias.

Jaqueline dedicou a premiação à família e aos colegas de laboratório, sem os quais, segundo ela, não teria sido possível chegar ao sequenciamento em tão pouco tempo. A biomédica afirmou ainda que num momento de tanto descrédito à ciência o prêmio é simbólico.  

“Esse prêmio não é uma homenagem só a mim. Na condição de mulher negra, nordestina, jovem, eu me sinto muito feliz, pois não represento só a minha história e vivência, mas a de muitos cientistas negros que pouco foram reconhecidos e homenageados nesse país ao longo dos anos. Eu sou a primeira mestre e doutora da minha família e isso significa muito, pois a gente sabe que por muito tempo isso foi privilégio das famílias mais abastadas, e, hoje, a gente está vendo pessoas com condições sociais e econômicas menos abastadas alcançarem esses títulos. Agradeço aos meus pais que investiram na minha educação e aos meus colegas de laboratório, que foram peças fundamentais para chegarmos ao sequenciamento. Esse prêmio não é só meu, é de todos vocês”, disse Jaqueline.

Autora da premiação, a deputada Alice Portugal destacou que a ideia é dar visibilidade à mulher e ao seu trabalho. “Essa é uma tarefa indispensável para o desenvolvimento científico e tecnológico e humano no país. Em tempos de feminicídio, violência, mas acima de tudo, da invisibilidade que assola as mulheres brasileiras, é necessário darmos luz sobre essas mulheres que deixam a posição de colaboradoras dos grandes pesquisadores e passam a ser protagonistas”, afirmou.

Além de Jaqueline, receberam o diploma a bióloga e divulgadora científica Natalia Pasternak, representada na cerimônia pela deputada Luiza Erundina (PSol-SP); e a psicanalista Erika Parlato de Oliveira.

Prêmio

A premiação anual, criada pela Resolução 24/21, é um reconhecimento à participação feminina na solução dos grandes desafios da humanidade e um estímulo à capacitação de mais mulheres cientistas.

O nome dado ao prêmio é uma homenagem a Amélia Império Hamburger (1932-2011), física, professora, pesquisadora e divulgadora científica brasileira. Graduada pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, Amélia concluiu em 1960 o mestrado na Universidade de Pittsburgh (EUA) e foi coautora de artigo científico publicado no primeiro número da revista Physical Review Letters, de 1958. Além de outras conquistas, participou da criação da Sociedade Brasileira de Física.