Com aulas suspensas desde março e em meio a uma crise sanitária sem precedentes, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) abriu, nesta segunda-feira (11), as inscrições para realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o presidente do órgão, as provas, previstas para novembro, estão mantidas “por enquanto”.

Membro da Comissão de Educação, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) criticou a decisão e cobrou o adiamento da prova. Para a parlamentar, o governo ignora a realidade dos estudantes mais pobres ao manter o calendário.

“Que absurdo! Manter o calendário do exame é agravar ainda mais a desigualdade no nosso país”, afirmou Alice.

A deputada foi a primeira a protocolar na Câmara uma proposta para adiar a realização do exame este ano. O PDL 149/2020 ainda aguarda deliberação na Casa, mas segundo a autora, garantirá a democratização do acesso ao ensino superior. De acordo com a proposta, o Inep deveria aguardar a retomada das atividades escolares para então definir uma nova data para a realização do Enem.

“É um absurdo considerar que os estudantes estejam em iguais condições. Muitos deles não têm acesso às ferramentas virtuais para continuar os estudos em casa”, disse a parlamentar.

As entidades estudantis também defendem o adiamento do exame. A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) chegaram a organizar uma petição online para mobilizar os estudantes e pressionar o governo para adiar o Enem.

Para a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) a abertura das inscrições foi insensata e, ao mesmo tempo, leva insegurança aos alunos, uma vez que a declaração do presidente do Inep ainda traz incerteza sobre sua realização na data prevista.

“Não se pode, de maneira alguma, colocar em risco a saúde de milhões de jovens, bem como não se pode protelar uma decisão final e deixá-los inseguros e temerosos por tanto tempo. É o futuro deles que está em jogo. Não defendemos que a prova seja cancelada, apenas seu adiamento, pois é insensato manter o atual calendário diante de tantas incertezas, seja sobre a duração da quarentena, seja sobre como ficará o ano letivo em si”, afirmou a deputada.

"É por birra insana e descompromisso absoluto com os estudantes e a educação que o governo federal quer manter o Enem. Adiá-lo é uma questão de razoabilidade mínima em face da pandemia", disse o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).

De acordo com o cronograma divulgado pelo governo, o exame será aplicado nos dias 1º e 8 de novembro (versão presencial) e nos dias 22 e 29 de novembro (versão digital). As inscrições vão até 22 de maio.