Fora Temer! Essa frase se alastra por cartazes e faixas nos mais distintos lugares do Brasil e do mundo reforçando a denúncia do golpe institucional em curso. Os senadores, entretanto, insistem em levar adiante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, mesmo sem haver prova da existência de crime de responsabilidade.

Sem qualquer constrangimento, parlamentares garantem o avanço de uma das maiores armações políticas da história brasileira. Após a aprovação do relatório favorável na Comissão Especial do Impeachment do Senado na última quinta-feira (4), o plenário da Casa decidirá, na próxima terça-feira (9), se o caso será julgado no final do mês em sessão conduzida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandovski.  

É um absurdo jurídico que a tendência hoje seja aprovar o impedimento de Dilma. As chamadas “pedaladas fiscais” e a edição de decretos, sem autorização do Congresso, foram praticados por outros governos sem serem considerados crime. O relatório da Comissão Especial é uma fraude, sendo totalmente político e não técnico. Na verdade, o que está ocorrendo é uma grande pedalada constitucional, como foi dito na última sessão do colegiado no Senado.

O objetivo claro dos golpistas é rasgar a Constituição e usurpar o mandato da presidenta para impor uma agenda retrógrada, já rejeitada pelos eleitores nas urnas em 2014. Sem voto popular, o interino Michel Temer (PMDB) tramou esse plano sórdido em conluio com o ex-presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, réu no STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Um dos maiores exemplos do DNA do governo golpista é a proposta de Reforma da Previdência que está sendo elaborada. Em vez de pensar em medidas para taxar o mercado financeiro, empurra para o trabalhador a responsabilidade pela superação da crise econômica. Conquistas estão sendo ameaçadas, quando se propõe aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 ou 70 anos, atingindo igualmente homens e mulheres.

Cada vez mais os brasileiros estão tendo consciência de que uma grande injustiça poderá ser cometida. Não só contra Dilma, mas contra os interesses do povo. É preciso reforçar a mobilização nas ruas. Nesta reta final, é decisivo também lutar pelo plebiscito, uma consulta popular sobre antecipar ou não as eleições, como a própria presidenta começou a defender. Os cidadãos devem definir o futuro do país e não corruptos que buscam o poder e favorecer os estratos mais ricos da sociedade.

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.