Os seis partidos de oposição na Câmara dos Deputados (PT, PCdoB, PSOL, PSB, PDT e Rede) encaminharam carta nesta terça-feira (23) ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd C. Chapman, em que manifestam preocupação com a entrada naquele país do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. No documento, os oposicionistas narram a misteriosa viagem do ex-ministro com passaporte diplomático, embora não já tivesse o status de membro do governo Bolsonaro, e manifestam preocupação com a possibilidade de ele ter fugido para os EUA a fim de se esquivar de processo movido pelo Supremo Tribunal Federal (Inquérito Criminal 4.871) sobre a criação e distribuição sistêmica de fake news.

A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), diz que há grave suspeita de desvio de finalidade na utilização do passaporte por Weintraub. Segundo ela, se o então ministro cometeu ilegalidades e crimes “vai ter que responder”. “Garantir a saída às pressas de Weintraub do Brasil e esperar que ele desse entrada nos EUA para, só depois, exonerá-lo, me pareceu uma tentativa de acobertá-lo. Ficou parecendo que Weintraub é fugitivo”, afirmou.

“Pedimos que a embaixada americana e o Departamento de Estado dos Estados Unidos clarifiquem as condições em que foi cedida a entrada de Weintraub nos EUA e em qual status ele permanece no país, tendo em vista que não mais representa o governo brasileiro, nem qualquer órgão internacional”, afirma a oposição.

Os partidos da oposição lembram na carta que Weintraub, durante o tempo em que foi ministro ( abril de 2019 a junho de 2020) tornou-se notório “por sua postura ideológica, retrocedendo diversas políticas públicas educacionais, incluindo a suspensão das cotas para pessoas negras e indígenas no acesso às universidades, além de buscar violar os princípios de neutralidade e liberdade acadêmica”.

E recordam que o ex-ministro bolsonarista também se destacou “por sua retórica agressiva em defesa de ideologias de extrema direita, ao ponto de fazer comentários racistas contra o povo chinês, além de chamar membros do Supremo Tribunal Federal de “vagabundos,” afirmando que estes deveriam ser presos por suas decisões judiciais”

O documento é assinado pelos líderes na Câmara do PT, Enio Verri (PR), do PCdoB, Perpétua Almeida (AC), do PSOL, Ivan Valente (SP), do PSB, Alessandro Molon (RJ), do PDT, Wolney Queiroz (PE),da Rede, Joenia Wapichana (RR), e o líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e os da Oposição na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE), e no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), e a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). Deputados e deputadas das bancadas da oposição também assinaram o documento.

*Com informações do PT na Câmara