Militar da comitiva de Jair Bolsonaro é preso com 39 quilos de cocaína na Espanha. Assessores do Ministério do Turismo são presos em razão de candidaturas-laranja do PSL, partido do presidente da República. Ex-assessor do filho é investigado por esquema de lavagem de dinheiro. Vizinho é preso envolvido na morte de Marielle. Tio miliciano da primeira-dama é preso por grilagem de terras no DF. Este é o mito, a ‘nova política’, que ganhou as eleições prometendo combater a corrupção e a criminalidade?

A cada dia, o governo Bolsonaro fica mais paralisado pela sequência de escândalos, fatos sem explicação, e notória incapacidade de gestão do Brasil. É impressionante o nível de amadorismo e desorganização do Executivo. Viramos agora até motivo de chacota internacional em vez de termos papel de destaque no encontro da cúpula do G20, grupo dos países mais industrializados do mundo, no Japão.

A notícia do tráfico de drogas em avião presidencial fez com que Bolsonaro não participasse de reuniões preparatórias com outros presidentes e chefes de governo. Isolado, ele saiu para passear e comer numa churrascaria com seus assessores.

Isso sem falar no caso do ministro da Justiça, Sérgio Moro. É inaceitável que o magistrado em conluio com o Ministério Público tenha interferido no processo eleitoral para tirar o principal candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, e dessa forma eleger Bolsonaro, presidente da República que promete indicar o juiz parcial para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Moro terá muito a explicar na Câmara dos Deputados na próxima terça-feira (2).

Todas essas denúncias devem ser investigadas, e os envolvidos punidos. O preocupante é que estamos à beira da recessão econômica e com recordes de desemprego no país. Treze milhões de pessoas, conforme o IBGE. E nada é feito pelo governo federal para retomar o desenvolvimento econômico, social, humano e melhorar a vida do cidadão.
O Brasil entrou no ranking dos 10 piores países do mundo para os trabalhadores, de acordo com análise divulgada na 108ª Conferência Internacional do Trabalho, realizada em Genebra, na Suíça. Segundo o Índice Global de Direitos da Confederação Sindical Internacional (CSI), a “reforma” trabalhista (Lei 13.467, de 2017) promovida durante o governo Michel Temer introduziu no país uma ordenação legal que incentiva regressão nas condições de trabalho, em negociações, direitos e salários.

Os brasileiros já se deram conta dos prejuízos trazidos pela má liderança. O índice de rejeição de Bolsonaro atinge 32%. É o pior indicador desde o início do conturbado governo (Pesquisa CNI/Ibope desta semana). Comparando com outros governos, ele vai mal. Trinta e dois porcento consideram o governo ótimo e bom. Até Fernando Collor teve ótimo e bom de 45% em maio de seu primeiro ano de governo. Itamar Franco, 34% em janeiro de 1993. Fernando Henrique, em março de 1990, 41%. Lula, 51% em março de 2003. E, Dilma, 56% em março de 2011.

O que será feito de concreto para enfrentar essa dura realidade política e econômica? A Oposição cobrará incessantemente medidas para debelar a grave crise que persiste e piora diariamente. E a população deve fazer o mesmo. Lutar por mudanças urgentes. O Messias frustra expectativas. O mito acabou. Vamos às ruas. Somente a nossa luta salvará o Brasil.

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.