Nesse período, eles querem convencer os deputados, sobretudo dos partidos do chamado Centrão, a votar contra a proposta ou no mínimo retirar os pontos prejudiciais aos trabalhadores.

Essa foi a tônica da reunião organizada pela Liderança da Minoria com os representantes dos partidos políticos e todas as centrais sindicais nesta terça-feira (25), na sala de líderes da Câmara dos Deputados.

Depois do encontro, os representantes dos trabalhadores participaram de outra reunião com os líderes do Centrão.

“Nosso posicionamento é unânime contra o relatório. Na votação, nós vamos obstruir. Apresentaremos os nove destaques a que temos direito”, avisou a líder da Minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Apesar do avanço da retirada da proposta do regime de capitalização, que na prática acabaria com a Previdência pública, a líder da Minoria diz que o texto se manteve muito cruel para os trabalhadores.

Outro problema apontado pela líder é o benefício não programado, ou seja, o que não representa aposentadoria por velhice ou morte. “Todos eles do regime geral não estão com nenhuma cobertura podendo ser privatizados”, diz.

Segundo ela, ainda tem o problema do trabalhador rural que só poderá ser aposentar com 60 anos. Além disso, citou a privatização da previdência completar dos servidores públicos, que está abertamente privatizada no texto, e ainda o abono salarial abaixo de um salário mínimo que está constitucionalizado.

“O texto é muito ruim, impossibilita alcançar a aposentadoria”, disse Jandira Feghali ao fazer referência ao cálculo do benefício. O relator acolheu a regra de cálculo do governo que corresponde a 60% da medida dos salários de contribuição mais 2% para cada ano de contribuição.

Segundo o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, presente à reunião, a nova fórmula reduz o valor do benefício por dois motivos: a média será rebaixada por incluir todos os salários a partir de 1994, sem preservar os 20% dos menores valores; e não assegura os 100% dessa média, exceto para os que atingirem os 40 anos de contribuição.

“Nossa opinião é que esse documento reforça profundamente um abismo social. O texto carrega proposta que vão dificultar por demais o acesso a aposentadoria seja com o fim do tempo de contribuição, seja com a idade mínima, que é muito amarga para homens e mulheres”, disse o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo.

As entidades programam realizar ainda grande manifestação em Brasília neste mês para pressionar os parlamentares. A mobilização na base dos deputados também será intensa com abordagens nas ruas e nos aeroportos.

Unidade dos partidos

O vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, elogiou o encontro que demonstrou a unidade de ação das centrais e da Oposição na Câmara dos Deputados. Segundo ele, essa reforma invoca um pacto social que está sendo desmontado e “só vai agravar o esgarçamento da sociedade brasileira já polarizada política e socialmente”.

Sorrentino afirmou que a reforma está sendo feita sob um mantra falso pelo qual se diz que ela é fundamental para os investimentos privados. Na sua opinião, isso só vai acontecer caso haja investimento público.

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmamn (PR), diz não ter dúvidas de que os avanços até agora obtidos nessa luta contra a Reforma da Previdência se devem a mobilização dos trabalhadores, a exemplo da greve do último dia 14. Ela propôs que os nove destaques a serem apresentados sejam construídos junto com as centrais.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (CE), prevê uma luta muita intensa dos partidos e das centrais contra a reforma. Ele diz o relatório apresentado é muito prejudicial.

“Há pontos muito graves como a desconstitucionalização e dispositivos remitidos à lei ordinária. Fizemos um levantamento e encontramos 21 pontos que estão sendo desconstitucionalizados”, alertou.