Em pronunciamento nesta terça-feira (31), em cadeia de rádio e tevê e visivelmente pressionado, Bolsonaro falou em conciliação e mudou o tom do discurso contra o isolamento social da população para combater o coronavírus.

Não custou muito para o presidente voltar ao seu estilo agressivo. Nesta quarta-feira (1º), ele postou um vídeo mentiroso de um apoiador falando sobre o desabastecimento da Ceasa de Belo Horizonte.

Junto com o vídeo, Bolsonaro escreveu no Twitter haver desentendimento entre ele e “alguns governadores” e “alguns prefeitos”, mas a realidade deveria ser mostrada. “Depois da destruição não interessa mostrar culpados”, provocou.

O repórter da CBN Pedro Bohnenberger esteve na Ceasa neste 1º de abril e mostrou uma realidade diferente, ou seja, o local funcionando normalmente.

A postura do presidente irritou lideranças no Parlamento. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) alegou que não dá para acreditar no presidente.

“Bolsonaro não é confiável. O que diz à noite não tem valor pela manhã. Ele não está nem aí com o país, apenas faz cálculo eleitoral para manter sua matilha nas redes. Caso se importasse com o sofrimento do povo, já estaria pagando a renda emergencial”, criticou.

Para o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), Bolsonaro não assume suas responsabilidades e quer culpar governadores pela falta de ação do seu governo.

“Bolsonaro ontem falou em pacto. Mas hoje começa o dia atribuindo a governadores problemas econômicos cujas soluções dependem do governo federal. O que mais faz falta? Seriedade ou competência?”, indagou.

Paga logo, Bolsonaro

A líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC), lembrou que “Bolsonaro já tem como resolver a falta de dinheiro para os desempregados, os autônomos, ambulantes, camelôs, inclusive o tio do churrasquinho q ele abordou numa (cidade) satélite de BSB”.

“É só pagar o que o Congresso aprovou: R$ 600 por pessoa e R$ 1.200 por família. #pagaLogoBolsonaro”, escreveu no Twitter.

“Governo inventa burocracias inexistentes e tenta transferir a sua responsabilidade. Presidente e ministro Guedes (Paulo, da Economia) paguem logo a renda mínima aos milhões e brasileiros que já se encontram em situação desesperadora! #pagalogonolsonaro”, publicou a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) avaliou a situação como grave. “O governo quer pagar a renda emergencial em apenas 16 de abril. Não! Tem que ser agora! 100 milhões de brasileiros aguardam o que aprovamos no Congresso pra por comida na mesa. Seus irresponsáveis!”, protestou.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que no pronunciamento Bolsonaro disse que se importa com a vida dos mais pobres. “Mentiroso! Se importasse, o benefício já estaria nas mãos das famílias”, criticou.

Ela disse que milhões de famílias precisam com urgência desse benefício. “O presidente queria um auxílio de apenas R$ 200 reais, mas o Congresso aprovou o valor de R$ 600, podendo chegar a R$ 1.200 por família.”

O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) disse que o pagamento deve ser imediato. “O governo federal já está autorizado pelo Congresso a gastar o quanto for necessário para salvar a vida das pessoas e garantir auxílio aqueles que mais necessitam. Entrega o dinheiro do povo, Bolsonaro”, conclamou.