A criação da chamada CPI do BNDES vem servindo para mostrar como os interesses relacionados ao setor produtivo da economia e aos trabalhadores nada têm a esperar da oposição.

O ataque irresponsável que vem sofrendo o Banco tem base apenas em argumentos fantasiosos dos tucanos. Buscam sustentar-se em ilações da grande mídia, igualmente falsas. O objetivo é prejudicar a credibilidade de uma instituição que há 60 anos tem estado no centro da estratégia desenvolvimentista brasileira. Uma trajetória só interrompida nos anos FHC, quando o Banco foi utilizado como financiador para a venda das estatais.

A partir do governo Lula, o BNDES voltou a sua missão histórica de financiar o desenvolvimento nacional. Desde então, o BNDES vem tendo um desempenho impressionante.

O papel do Banco no desenvolvimento e na crise internacional

Em 2000, o desembolso do BNDES foi de R$ 23 bilhões, em 2014 foi de R$ 187 bilhões. E a partir de 2008, o Banco cresceu em sua função de viabilizar a continuidade do investimento, substituindo os recursos externos e privados internos que desapareceram em virtude da crise.

Em 2009, o financiamento da formação de capital chegou a R$ 132 bilhões e foi em um crescendo até chegar, em 2013, a R$ 170 bilhões. No ano passado o Banco financiou 67% da formação de capital do Brasil. Podemos dizer, assim, que o BNDES, auxiliado por empréstimos do Tesouro, levou o investimento produtivo sobre os ombros, ocupando o vazio deixado pelos recursos financeiros privados.

Apesar da gigantesca expansão de seu financiamento, os empréstimos do Tesouro representam 20% do fluxo de caixa do Banco, 70% vêm dos retornos de suas próprias operações, com o FAT representando 4%. Isso mostra a solidez da instituição.

Os campeões e as pequenas empresas

Este é o Banco do desenvolvimento que os brasileiros sempre conheceram, agora ainda mais agigantado. O BNDES agora é um dos maiores bancos de investimento do mundo, e o que apresenta a menor taxa de inadimplência, apenas 0,01%. Ele recebe de volta tudo que empresta, e ainda com juros. Não há calote. Em troca, financiando a produção, o Banco cria riqueza e empregos.

Não é verdade que a instituição empreste apenas aos ditos "campeões", desfavorecendo os pequenos. Entre as grandes, o BNDES financia 405 das 500 maiores empresas do país, não há "escolha" de poucos "campeões".

Já o apoio às micro e pequenas empresas tem aumentando mais do que proporcionalmente. Em 2008, houve 200 mil operações às pequenas empresas com desembolso de R$ 11 bilhões. Em 2014, foram mais de um milhão as operações, com desembolso de R$ 60 bilhões.

O financiamento das exportações: Angola, Cuba e Venezuela

O BNDES também financia nossa exportação industrial e de serviços de engenharia, viabilizando grandes negócios com outros países. Mas tais empréstimos financiam a produção realizada no Brasil, não no exterior. E as exportadoras são pagas aqui, em reais, embora os devedores paguem posteriormente suas dívidas em dólares. Lá fora só vão e ficam os produtos e as obras.

Mesmo que do total dos recursos desse financiamento metade se destine a exportações dos EUA, os tucanos acusam o Brasil de financiamento "ideológico" a Cuba, Venezuela e a Angola, mesmo que os três somados não cheguem à metade dos recursos dirigidos aos EUA (Cuba é o 7º no ranking).

Como as exportações para esses países estão concentradas em grandes obras de engenharia, a oposição quer fazer crer que os financiamentos foram concedidos em troca de privilégios nas doações eleitorais das empreiteiras beneficiadas. Mas os dados da Justiça Eleitoral desmentem tal acusação leviana.

Em 2014, o PSDB recebeu das 10 maiores empresas doadoras R$ 139 bilhões, mais do que os R$ 125 bilhões entregues ao PT. Em especial, das quatro maiores empreiteiras em doação, a princípio as maiores "beneficiadas" pelo BNDES, o PSDB volta a ser o maior beneficiário, R$ 65 milhões contra R$ 58 milhões do PT. Onde está a alegada "contrapartida"? Apenas calúnias.

O apoio dado às exportações dos três países, assim como de outros da América do Sul e África é importante para que o Brasil exerça uma posição mundial de liderança. Mas também por ser exatamente esses países os que concentram nossas exportações de maior valor agregado. As operações do BNDES são ações estratégicas de um projeto nacional.

BNDES é campeão mundial em transparência bancária

Mas a oposição não se conforma com a verdade dos números. Pedem mais "transparência", insinuando negociatas. A verdade é que o BNDES é a instituição mais transparente quando comparado com outros grandes bancos estatais voltados para de comércio externo como os da Alemanha, Canadá, Japão, Espanha e México. Todos os contratos de operação do BNDES estão registrados cartórios, são públicos. Além disso, estão listados em seu site, com o valor do contrato, o objeto, a taxa de juros e as garantias dadas.

Tentar prejudicar a credibilidade do BNDES é atrasar o crescimento de nossa indústria e dos demais setores econômicos por ele financiados. É prejudicar a retomada do desenvolvimento, que voltará a trazer mais renda e mais oportunidades e empregos aos trabalhadores.

A oposição prefere o BNDES que financiava a privatização das estatais e desempregava seus trabalhadores. Mas não conseguirá trazer aquele tempo de volta.

 

*Davidson Magalhães é deputado federal pelo PCdoB-BA e membro da Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES
**Artigo publicado originalmente no Brasil 247