As revelações do empresário Paulo Marinho à Polícia Federal (PF), lançando novas suspeitas sobre fraudes na eleição de 2018, que levaram à vitória de Jair Bolsonaro na campanha presidencial, reforçaram as pressões pela instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as denúncias de possíveis irregularidades que teriam influenciado diretamente no resultado do pleito. 

Marinho, que é primeiro suplente do senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente da República, afirmou que o então candidato ao Senado foi informado sobre uma operação da Polícia Federal cujo alvo era Fabrício Queiroz, assessor de Flávio naquela época, que teria sido adiada para depois do segundo turno com o intuito de ajudar a eleição de Jair Bolsonaro.

O depoimento do empresário, um dos principais aliados de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, ocorreu dia 20 de maio na sede da PF do Rio de Janeiro.

Em virtude do conteúdo altamente comprometedor das revelações, lideranças da Oposição no Congresso Nacional iniciaram a coleta de assinaturas para a criação da CPMI com vistas a esclarecer os fatos.

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), o acúmulo de denuncias sobre os desmandos do clã Bolsonaro no período eleitoral, além de uma série de subterfúgios ilegais usados contra desafetos mesmo após a posse, exigem que os órgãos de investigação sejam acionados.

"As evidências apontam que vários crimes foram cometidos, exigindo rigorosa apuração para que a sociedade tenha uma resposta adequada dos órgãos de controle. Os reiterados ataques à democracia não podem ser tolerados, nem o descaso com a vida e as agruras que nosso povo enfrenta neste momento de graves dificuldades", afirma. 

O texto do pedido destaca que o Congresso Nacional, enquanto guardião do regime democrático, deve promover análise autônoma acerca da ocorrência destes fatos, buscando perceber se, de alguma forma, as eleições presidenciais receberam influência irregular e, ao fim, responsabilizar aqueles que tenham atuado de forma incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro.