Alguns setores da mídia e personalidades políticas tentam atribuir a responsabilidade pelo assassinato do dirigente petista Marcelo Arruda, tesoureiro da sigla em Foz do Iguaçu (PR), ao clima de polarização política no país. Não se trata disso, pois num ambiente como este prevalece o debate de ideias e programas. No caso que vitimou o guarda municipal estamos diante de uma atitude fascistas com predominância do ódio e a intolerância.

O perfil do bolsonarista Jorge da Rocha Guaranho, que invadiu a festa de aniversário do petista para matá-lo a tiros, demonstra traços dessa personalidade. Ele se declara um conservador e a favor do armamentismo como defende Bolsonaro. O agente penitenciário, em uma postagem, faz sinal dentro de uma piscina de armas de fogo com as mãos , gesto característico do presidente.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o caso não pode ser tratado como resultante de um clima político polarizado. “É isso! Não há espaço para falsas equivalências quando de um lado está o fascismo”, afirmou.

“Bolsonaro tenta se afastar do assassinato de Marcelo Arruda, mas não adianta. É inegável que o ódio que destila contra adversários é o fermento da violência política. Bolsonaro inspirou o criminoso a puxar o gatilho. BOLSONARISMO MATA! #JusticaParaMarceloArruda”, escreveu o deputado no Twitter.

“Não é a polarização que mata. A polarização faz parte da política. O que mata é o bolsonarismo, seu ódio e sua sanha de sangue!”, disse o deputado Ivan Valente (PSol-SP).

Numa menção a polarização política entre PT e PSDB, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) lembrou que tucano nunca invadiu festa de petista. “Petista jamais invadiu festa de tucano. Desde a chegada do bolsonarismo, criado através dos saudosos da ditadura mais os golpistas de 2016, inflados pela grande mídia, vivemos tempos ódio, tempos inflados pelo Vagabundo da República”, postou no Twitter.

Intolerância

O líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros (PE), diz que a intolerância política não deve ser banalizada e o que aconteceu em Foz de Iguaçu. “É absurdo. Quando Bolsonaro incentiva a violência está buscando caminhos para o fascismo. Bolsonaro prega ódio, intolerância e guerra. O Brasil quer cuidado, tolerância e paz”, defendeu.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) classificou o caso como “o horror, o fascismo, a violência invadindo e ceifando vidas”. “Minha solidariedade à família e os amigos do guarda municipal Marcelo Arruda que celebrava 50 anos com uma festa temática sobre o ex-presidente Lula quando foi brutalmente assassinado. Não podemos aceitar que esse discurso de ódio destrua famílias e tirem a paz da nossa sociedade”, disse.

“O crime político contra Marcelo em Foz do Iguaçu (PR) revela a intolerância e o ódio estimulados pelo atual presidente. É preciso tirar essa gente do comando do país. Democracia e paz! As instituições têm que garantir o processo eleitoral sem violência. Solidariedade à família de Marcelo”, afirmou Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) diz que o assassinato de Marcelo Arruda é antessala do Capitólio que Bolsonaro ameaça. “Sinto frio na barriga quando vejo Lula circulando ou discursando sem colete à prova de bala. As instituições precisam urgente tomar providências para impedir novas mortes. O bolsonarismo mata”, considerou.

A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, responsabilizou o presidente pela violência. “A escalada de violência política que vemos hoje no Brasil tem nome, Jair Bolsonaro. Esse ser desprezível, violento, a besta, que tanto mal faz ao Brasil, ao povo e a democracia”, disse.

A liderança do PT na Câmara fez uma cronologia da violência política:

De Marielle a Marcelo, a escalada da violência:

14 de março de 2018 – Marielle e Anderson executados a tiros no Rio

27 de março de 2018 – Tiros contra a caravana de Lula no Paraná

3 de setembro de 2018 – “Vamos fuzilar a petralhada”, comanda Bolsonaro em Rio Branco (AC)

7 de outubro de 2018 – No dia do primeiro turno das eleições, bolsonaritas atropelam o cineasta Guilherme Daldin, em Curitiba; a cantora trans Juliana Iguaçu foi agredida na cabeça. Pelo menos 50 casos de violência foram registrados nos dez dias anteriores em todo o país, segundo levantamento da Agência Pública e Open Knowledge.

8 de outubro de 2018 – Bolsonarista assassinou com 12 facadas o capoeirista Mestre Moa do Katendê em Salvador, um dia depois.

8 de outubro de 2018 – Bolsonaristas agridem e tatuam suástica no corpo de mulher de 19 anos em Porto Alegre

10 de outubro de 2018 – Dez bolsonaristas armados atacam a Casa do Estudante na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba

28 de novembro de 2019 – Bolsonarista assassina idoso a socos e pontapés em Balneário Camboriú (SC)

15 de outubro de 2021 – Bolsonarista armado ameaça radialista Jerry Oliveira em Campinas

7 de setembro de 2021 – Grupo de bolsonaristas armados atacou e tentou invadir acampamento indígena em Brasília

15 de junho de 2022 – Drone pilotado por bolsonaristas lança veneno sobre o público que aguardava ato com Lula em Uberlândia.

5 a 7 de julho de 2022 – Três episódios de violência política em sequência: tiro na redação da Folha de S. Paulo; ataque com fezes e ovos ao carro juiz que determinou prisão do ex-ministro bolsonarista; bomba lançada contra o ato público de Lula na Cinelândia.

7 e 8 de julho de 2022 – Em pronunciamentos, Bolsonaro volta a incitar apoiadores a ações violentas contra partidos e militantes e de esquerda.

10 de julho de 2022 – Bolsonarista invade festa de aniversário assassina dirigente petista em Foz do Iguaçu (PR).