Com 31 assinaturas, quatro a mais do que o necessário, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), deu entrada nesta terça-feira (28), na secretaria-geral da Mesa, no pedido de instalação da CPI do MEC a fim de investigar o esquema de corrupção na pasta que levou à prisão o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

O pedido foi protocolado com 30 assinaturas e durante a coletiva foi anunciada a adesão do senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE). Randolfe disse que o governo terá dificuldades na batalha para retirar assinaturas, pois a perspectiva é que mais dois senadores assinem o documento: Otto Alencar (PSD-BA) e Nelsinho Trad (PSD-MS).

Em coletiva à imprensa, o senador afirmou que espera na quinta-feira (30) a leitura do pedido no plenário. Após isso, a indicação dos blocos parlamentares dos 11 nomes titulares e 11 suplentes que vão compor o colegiado e, a instalação, no máximo no final de julho ou início de agosto, levando em conta o recesso parlamentar do meio do ano.

A apresentação do requerimento pedindo a instalação da CPI repercutiu na Câmara. Parlamentares da Bancada do PCdoB se manifestaram, cobrando o início imediato das apurações.

O deputado Daniel Almeida (BA), vice-líder do partido na Casa, destacou que a CPI do MEC será um importante passo a favor de que todos os envolvidos nesse novo escândalo do governo Bolsonaro sejam responsabilizados.

Em discurso na sessão desta terça, o parlamentar observou que a investigação precisa ser feita para esclarecer todas as denúncias. “A CPI no Senado vai ser instalada. O Brasil tem a expectativa de que a apuração se aprofunde, e os indícios são absolutamente contundentes de que o comando é um só. Está no gabinete do Palácio do Planalto, é o Bolsonaro que comanda toda essa farra de recursos, de clientelismo, de falcatruas no Ministério da Educação”, disse.

Em suas redes sociais, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) pediu que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), siga os trâmites regimentais e faça a instalação do colegiado. 

“O Brasil quer saber: por que o governo Bolsonaro roubou, deixou roubar e protegeu os ladrões da Educação? #CPIdoMEC”, escreveu no Twitter.

Segundo o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), o governo Bolsonaro é inimigo da educação, como todos os dias pode ser constatado. “A CPI do MEC é instrumento indispensável para apurar e punir irregularidades agindo em defesa da educação”, disse.

Corrupção no MEC

O líder da oposição no Senado afirmou que a CPI é necessária pelo fato das investigações estarem sob forte ameaça de continuidade e de intervenção. “Quero aqui dar o nome de quem está intervindo nessa investigação: é o senhor Jair Bolsonaro e o senhor Anderson Torres, ministro da Justiça”, disse Randolfe.

O ex-ministro apareceu numa gravação telefônica, no último dia 9, falando à sua filha que Bolsonaro lhe telefonou avisando que poderia ter busca e apreensão contra ele pela Polícia Federal (PF). Ainda na pasta, Ribeiro disse que atendia pedido dos pastores por recomendação do presidente. Ele foi preso na operação “Acesso Pago” junto com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que cobravam propinas de prefeitos para liberar verbas do MEC.