A presidente da Comissão de Cultura, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), refutou nesta sexta-feira (8) as declarações do presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, de que o colegiado teria alterado o formato da reunião para impedir sua participação presencial. Camargo havia sido convidado a participar de audiência pública remota para debater a situação do acervo cultural, artístico e histórico da Fundação Cultural Palmares, mas se negou a participar virtualmente da reunião e usou suas redes sociais para atacar o colegiado.

Em sua conta no Twitter, Camargo afirmou que a Comissão “suspendeu a audiência presencial” repentinamente. “Havia aceitado o convite porque a audiência pública seria PRESENCIAL. Repentinamente, a Comissão alterou para videoconferência, sob a desculpa esfarrapada da covid. Dessa forma, não aceito. (…) Participarei da audiência somente se for presencial. Estou à disposição. Por que temem me enfrentar pessoalmente no debate? (…) A pauta, o acervo da Palmares, é tema requentado, narrativa derrotada. Mas insistem… Continuo à disposição, mas para falar presencialmente. Se possível, sem a inútil e incômoda máscara facial”, disparou em uma série de postagens.

A deputada Alice Portugal refutou as acusações do presidente da Palmares. “Lamentável. Digo ao senhor Sergio Camargo que refuto suas chulas afirmações nas suas redes sociais. A reunião não foi cancelada. Estamos em trabalho híbrido, por isso a reunião de hoje é on-line. Estamos remotamente na reunião. Este tipo de alusão talvez seja medida pelo seu próprio espelho. É absolutamente desproporcional a sua fala pelas redes sociais. Fizemos a reunião virtual por conta da pandemia”, destacou a parlamentar na abertura da reunião.

Na audiência convocada pelas deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Benedita da Silva (PT-RJ), Camargo responderia questionamentos sobre o acervo da Fundação. No início do ano, Camargo promoveu a retirada de livros que foram classificados como parte da "dominação marxista" no órgão.

Em junho, a Comissão de Cultura realizou uma diligência no órgão para verificar as condições do acervo da Fundação. Na ocasião, a deputada Alice Portugal afirmou que o cenário encontrado representa um total descaso com o acervo histórico da fundação.

“Materiais históricos valiosos estão armazenados em caixas de papelão. O acervo está incompleto e em condições incompatíveis com a preservação de qualquer livro, sem temperatura, umidade e luminosidade adequadas", afirmou.
De acordo com a deputada, a fundação apenas havia separado os materiais que considera “ideológicos”. "Isso é caso de polícia. É gravíssimo. A pergunta que eles precisam ainda nos responder é: onde está o patrimônio histórico e cultural da Fundação Palmares do Brasil?", pontuou Alice à época.