O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) cobrou do ministro da Economia, Paulo Guedes, maior compromisso do governo nas ações de combate ao coronavírus nesta quinta-feira (30). Segundo o parlamentar, é preciso liberação de recursos para que prefeitos e governadores possam tomar agir durante a pandemia que já vitimou mais de seis mil pessoas no Brasil.

Ao acompanhar a fala de Guedes na Comissão Mista de Acompanhamento das Medidas Relacionadas ao Coronavírus, Renildo salientou que a cabeça do ministro não mudou desde o início da crise sanitária no Brasil.

“Sabe, ministro, eu estava naquela reunião de março, na CCJC, quando começou a crise do coronavírus. Naquela ocasião, o senhor disse que o Brasil precisava seguir na agenda das reformas, quando a gente esperava que o governo apresentasse um plano de enfrentamento à crise. Sua cabeça continua a mesma. Vossa excelência pode mudar agora. Sabe que estados e municípios não emitem títulos. Mas a União sim. Esperamos ação e que o senhor não se comporte como comentarista, mas como ministro da Economia para resolver os problemas do país”, disse o parlamentar.

Em sua fala, Guedes afirmou que o Brasil tem sido elogiado no exterior pelas ações que tem tomado no combate ao coronavírus. Renildo, no entanto, rebateu a afirmação e citou uma manifestação da Organização das Nações Unidas (ONU) que critica as medidas adotadas pelo Brasil. Em documento enviado nesta quarta-feira (29), relatores da ONU afirmaram que o Brasil deveria “abandonar imediatamente políticas de austeridade mal orientadas que estão colocando vidas em risco e aumentar os gastos para combater a desigualdade e a pobreza exacerbada pela pandemia”.

“Não sei quais publicações o senhor está lendo. O Brasil virou chacota”, disse. “Vossa excelência fala e parece um comentarista de televisão. Não é verdade que o Brasil vinha bem. O Brasil teve um crescimento pífio em 2019, virou o ano com 12 milhões de desempregados. E quando a pandemia chega, pega o país neste estado”, completou Renildo.

Em sua resposta, Guedes afirmou apenas que a ONU “é uma organização política”e, que, portanto, não comentaria o documento.

O ministro continuou defendendo a economia e dizendo que a pandemia não pode ser usada como palanque político.

Segundo Guedes, a aprovação do pacote de auxílio a estados e municípios deve vir com a contrapartida da proibição do aumento de salários de servidores públicos das esferas federal, estadual e municipal por 18 meses. De acordo com ele, as contrapartidas são necessárias para evitar que o dinheiro destinado à saúde e ao enfrentamento da pandemia seja usado para “fazer política”.

“Nós estamos conscientes: não pode faltar recurso para a saúde. Por isso, não pode ter aumento de salário, nenhum outro uso do recurso que não seja relacionado ao coronavírus. Senão, seria uma covardia contra o povo brasileiro se aproveitar do momento que a população brasileira está sendo abatida para fazer política, em vez de cuidar de saúde. Seria uma traição ao povo brasileiro inaceitável”, disse Guedes.