O governo Bolsonaro tem produzido crises recorrentes e instabilidades institucionais, gerando um ambiente desfavorável para investimentos privados que ajudem a retomada da economia. A agenda ultraliberal de Paulo Guedes e equipe não produziu até o momento nenhuma iniciativa para minimizar o dramático desemprego, que segundo o IBGE atinge mais de 13 milhões de pessoas e é o maior problema do país.

A Reforma da Previdência é o novo “toque de mágica” dos economistas da banca financeira, gente muito bem remunerada para dar vernizes de ciência a velhos ilusionismos. O discurso é simplório e baseado em duas mentiras muito repetidas: 1) ou faz a reforma já ou o Brasil quebra e 2) basta fazer a reforma para chover investimentos e adeus crise. É mais um conto da carochinha dos mesmos criadores de “a reforma trabalhista vai gerar empregos”, lembram?

O Brasil não vai quebrar por causa da Previdência, que até poucos anos atrás era superavitária. O país precisa sair do atoleiro econômico e voltar a crescer, pois com mais gente trabalhando, mais se recolhe para a Previdência. Foi essa a “mágica” feita até 5 anos atrás. Mas vamos admitir que em tempos de vacas magras é preciso cobrir o déficit. Nesse caso, ajudaria bastante a fechar as contas se o governo fosse atrás dos devedores do INSS, coisa de R$450 bilhões, segundo a CPI que tratou do assunto no Senado. Mas aí seria preciso cobrar da própria banca financeira, gente poderosa com quem Bolsonaro e Paulo Guedes não querem mexer.

Também não é verdade que a Reforma da Previdência, por si só, vá gerar investimentos e trazer crescimento. Com uma das taxas de juros mais altas do mundo, o mais provável é que a dinheirama vá ser aplicada na esfera financeira, enriquecendo mais quem já é milionário. Contudo, ao tirar o dinheiro da aposentadoria de milhões de pessoas, o impacto na economia de pequenas e médias cidades será desastroso, gerando um ciclo econômico vicioso.

A verdade é que as elites nacionais e internacionais precisam manter seus fabulosos ganhos e, para isso, precisam esfolar ainda mais os trabalhadores e os mais pobres. No neoliberalismo radical que essa turma defende, não há espaço para direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Eles querem revogar as conquistas civilizatórias de seguridade social consagradas na Constituição. O aumento da miséria, da fome, das doenças e das mortes não é problema para a turma da banca.

Mas se existem ataques sem precedentes aos direitos, há também uma reação cada vez mais ampla da sociedade. As manifestações em defesa da educação, que tomaram conta do país nos dias 15 e 30 de maio, produziram um dado novo na conjuntura política, mostrando que a consciência democrática começa a ser revolvida para colocar freio às pautas obscurantistas da extrema direita.

Os atos da educação, que conquistaram vitórias no Congresso com a recomposição de parte das verbas para universidades e bolsas de estudo, também deram novo fôlego à greve geral convocada pelas centrais sindicais em defesa da aposentadoria. Aqui está a chave para sair das cordas e elevar a resistência: luta em torno de bandeiras concretas e amplas, que unam setores diversificados e isolem os inimigos do povo.

Será histórica a greve geral em defesa da aposentadoria e da educação, mas também da democracia, dos direitos e garantias constitucionais. Trabalhadores e estudantes irmanados fazendo a soma de todas as lutas justas e, como diz o samba, “parando para movimentar” o Brasil.


*Deputado federal pelo PCdoB de São Paulo.