Os 100 dias de governo Bolsonaro foram marcados por trapalhadas, desmandos, desmontes em diversas áreas. No Ministério da Educação não foi diferente. A Pasta, comandada até então por Ricardo Vélez Rodríguez, protagonizou muitas das polêmicas do governo.

Para a vice-líder da Minoria, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o viés político que dominou o MEC desde o início da gestão de Bolsonaro – e parece continuar com o novo ministro – paralisou uma das principais áreas para o país, gerando um caos na educação pública.

“Ficamos 100 dias sem o MEC funcionar. Independentemente do governo de plantão, o MEC sempre foi aquele vértice da pirâmide que toda a rede educacional brasileira aguarda para saber os programas, as políticas públicas, as orientações. Toda a rede de ensino básico do país ficou completamente sem orientação. Assim como o ensino superior, alvo de contingenciamento e de uma verdadeira desídia e até difamação pela insígnia do marxismo cultural, inventada pelo astrólogo que despacha dos Estados Unidos. Então, o MEC sai do vazio e migra para uma crise de natureza política onde não há uma visão de Estado na educação. Isso é Bolsonaro”, pontuou a parlamentar.

A mudança no comando do ministério, ocorrida no início desta semana, também não aponta melhorias para o setor. Abraham Weintraub é ligado ao mercado financeiro e sua principal ligação ao mundo educacional é o fato de ser professor. Além disso, no currículo, o novo ministro traz uma forte ligação com o guru do governo, Olavo de Carvalho, assim como seu antecessor.

“Tiram um ministro e colocam outro que diz que os comunistas dominam os meios de comunicam e que combaterá o marxismo cultural, que não se compromete a indicar os primeiros nomes das listas de eleitos nas universidades e nos institutos federais. Isso é grave”, afirmou Alice Portugal.

Convite ao ministro

Com o objetivo de conhecer o plano de ação do MEC, um requerimento de convite para Weintraub comparecer na Comissão de Educação da Câmara foi aprovado nesta terça-feira (10). A audiência, no entanto, foi marcada para o dia 15 de maio.

“Nesses três meses de governo, o Ministério da Educação encontra-se em total desgoverno, levando a uma paralisia dos principais programas do ministério, ameaçando a educação brasileira. Nosso objetivo em convidar o ministro é para que ele apresente o seu plano de ação para a Pasta, coisa que Vélez não fez. Queremos discutir a manutenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) no país, a destinação dos 10% do PIB para educação, e a manutenção do sistema de cotas, que está ameaçado, além da garantia das bolsas da assistência estudantil no país”, destacou em seu pedido.