Líderes da Oposição concederam entrevista coletiva nesta quinta-feira (20) para defender a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que impede a concessão de reajustes a algumas carreiras do funcionalismo público até o fim de 2021.

O veto já foi derrubado pelos senadores, na sessão desta quarta-feira (19), e desde então movimentou o governo para impedir que a derrota seja confirmada na Câmara. A sessão que analisaria o veto chegou a ser remarcada para esta quinta para dar tempo ao governo de articular apoio.

Para a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), o governo mente ao afirmar que terá condições de governar caso o veto seja mantido e cobra coerência dos deputados pela derrubada do veto.

"A Oposição vem trabalhando com a maior responsabilidade possível. Está proibido o reajuste geral dos servidores, mas não aceitamos o veto aos servidores da saúde, educação, segurança e limpeza. Se colocamos recursos à disposição do governo, porque vamos proibir que prefeitos e governadores contratem mais trabalhadores na área da saude, educação? Estamos sendo coerentes com o que votamos desde o início. O governo não fala a verdade", afirmou a Perpétua Almeida.

O governo vem anunciado que, caso o texto seja derrubado, pode implicar num impacto de até R$ 130 bilhões para os cofres públicos. O líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), desmentiu o dado.

"O que está se produzindo é uma grande mentira, de dizer que vai um prejuízo ao governo. Pouco se fala sobre o conteúdo do artigo que foi vetado. Ele menciona as categorias que poderão ser excepcionalizadas. Mas é um conjunto de mentiras para tentar ludibriar o povo e criar a imagem de que esses recursos vão para marajás do serviço público e eles vão para enfermeiros, professores. A posição da Minoria é para derrubar esse veto e garantir o direitos desses trabalhadores", destacou.

Adiamento da votação

Após a coletiva, já na sessão do Congresso, a líder do PCdoB reivindicou o adiamento da votação, pela Câmara, dos vetos marcados para esta quinta. A proposta tinha apoio do PSol e do PT, com a intenção de desmobilizar os esforços pela manutenção do veto ao reajuste dos servidores. “O Senado foi tomado por um momento de lucidez ontem, e o governo foi pego de surpresa”, disse Perpétua Almeida.

Ela defende o aumento a trabalhadores envolvidos na pandemia: médicos, enfermeiros, coveiros. “Pessoas que estão dando a vida na pandemia terão negado direito a reajuste, hora-extra?”, questionou.

Para garantir o adiamento da votação, os deputados da Oposição  argumentaram que não houve cumprimento de ponto do regimento comum que obriga a convocação e publicação da pauta com antecedência mínima de 24 horas. Eles questionam ainda a ordem da votação. O pedido, no entanto, foi retirado pela Presidência da Câmara.