O clima no Congresso Nacional é de embate após o anúncio do governo Bolsonaro de reduzir de R$ 600 para R$ 300 o pagamento do auxílio emergencial nos próximos quatro meses. A quantia representa metade da concedida nos primeiros cinco meses da vigência do programa.

A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), lembra que aprovação dos R$ 600 foi uma conquista do Parlamento. "O governo Bolsonaro queria pagar apenas R$ 200. E agora, quer R$ 300 em um momento de drástica queda do PIB e de recessão. Dessa forma, o país não cresce e a população vai sofrer mais dificuldades”, afirmou.

Para ela, todos ganham com a manutenção do auxílio emergencial em R$ 600: as famílias de baixa renda, as de renda mais alta, as empresas, e o governo, que recebe de volta o valor gasto com o benefício na forma de impostos. “É o auxílio financeiro que está fazendo a economia girar. Ele foi essencial para manter o poder de compra das famílias durante a pandemia de Covid-19, para colocar comida na mesa do trabalhador”, ressaltou. “Neste momento de grave crise econômica e social, com mais de 13 milhões de desempregados, a manutenção do valor de R$ 600 é fundamental para frearmos a crise e retomarmos a geração de emprego e renda. Quem quer reduzir o auxílio agora, quer mais desemprego, mais recessão”, completou.

O líder em exercício do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), reiterou as declações da correligionária. Para ele, cortar o benefício pela metade será um desastre. “Nós vamos lutar muito para manter até dezembro os R$ 600. É importante a população se mobilizar em torno disso, assim como queremos aprovar a renda básica para o futuro”, disse.

Segundo Daniel, o corte pode produzir um impacto muito grande na economia. “Essa renda está resolvendo a vida, dando alimento às pessoas que deixaram de ter renda. Está dinamizando a economia por que as pessoas estão comprando mais, fazendo reformas na sua casa, porque esses recursos estão dinamizando vários setores da economia”, defendeu.

Já o vice-líder do PCdoB, deputado Márcio Jerry (MA), considera o corte de 50% uma crueldade de Bolsonaro contra os que mais precisam. “Não vamos aceitar. Foi uma luta conquistar o auxílio emergencial de 600 reais, derrotando Bolsonaro que só queria fazer de 200 reais. Tem luta, teremos vitória!”, afirmou.

A vice-líder da Minoria na Casa, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), também destacou o papel do Congresso na conquista do auxilio: “Importante lembrar que o governo Bolsonaro queria um auxílio de apenas R$ 200 reais e nós da Oposição conquistamos o valor de R$ 600. Vamos lutar para manter os 600 até o fim da pandemia!”.

Fundo do poço

“Urgente!!! O Brasil está no fundo do poço e Bolsonaro acaba de anunciar corte de 50% no valor ao auxílio emergencial. 300 reais a menos em alimentos na mesa das famílias brasileiras. Desemprego, miséria e fome será o cotidiano de milhões de pessoas. Um crime contra o povo!”, escreveu no Twitter o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Ele afirmou que a prorrogação do auxílio emergencial é uma vitória da Oposição e do Parlamento. “Bolsonaro não tinha como escapar, pois seria derrotado se teimasse em retirá-lo. Mas o valor de R$ 300 é insuficiente. Defendemos uma renda básica que garanta dignidade ao nosso povo!”, completou.