Na audiência pública conjunta das comissões de Trabalho, Direitos Humanos e Minorias, e de Justiça e de Cidadania para esclarecer a parcialidade de Moro enquanto era juiz da 1ª instância da Operação Lava Jato, o atual ministro manteve as demonstrações sobre a sua fama de irônico e fujão.

Com frases prontas e ensaiadas, o ministro seguiu descaradamente o mesmo roteiro que levou para o Senado, no dia 19 de junho, distinguindo apenas os senadores dos deputados com anotações feitas na hora.

Ao perceber a postura do ex-juiz, o deputado Renildo Calheiros atropelou Moro: “Vossa Excelência responde muito mal as perguntas. Foge de várias e as que responde, Vossa Excelência baixa a cabeça e lê um texto. Qualquer pessoa experiente sabe que quem fala a verdade não precisa toda hora olhar para um texto, não precisa toda vez repetir as mesmas palavras. Quem fala a verdade, fala livremente, se refere ao fato e usa vários caminhos, várias circunstâncias e várias citações. Nunca repetem as mesmas palavras. O comportamento de vossa excelência é muito suspeito nessas respostas. É uma pessoa treinada para dar essas respostas”.

Logo após a fala do deputado comunista, o vídeo da sua interpelação ao ministro Moro lacrou a internet, registrando quase 500 mil pessoas alcançadas de maneira orgânica nas redes sociais. Renildo lembrou ao ministro que muitas pessoas acompanhavam a transmissão da sessão pela TV Câmara. “Vossa excelência teve uma conduta parcial. Tecnicamente Vossa Excelência vai muito mal. Não se impressione com os aplausos aqui. Em casa as pessoas nos observam”, apontou.

Foram quase 7 horas de respostas rasas, repetitivas e contraditórias de Moro, que se esquivou da maior parte das perguntas dos deputados a respeito da série de reportagens supostamente trocadas entre ele e promotores da Lava Jato, publicadas pelo site The Intercept e outros veículos de imprensa.

Para Renildo, estão claras as estratégias utilizadas por Moro e o conluio planejado para tirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da disputa eleitoral e receber o prêmio de assumir o Ministério da Justiça, com a promessa de ser ministro do Supremo. “Desrespeitada a constituição, desrespeitada a legislação. Isso é uma fraude, isso é enganar o Supremo Tribunal Federal, isso é ludibriar a justiça brasileira. Isso é enganar, manobrar a opinião pública e a sociedade. Aqui não se está falando contra a Lava Jato, está se falando contra a parcialidade do juiz Sérgio Moro”, considerou.