O pedido de demissão da presidência do BNDES de Joaquim Levy é mais um ingrediente da chamada usina de crise do governo Bolsonaro que só cresce em meio ao vazamento de conversas pouco republicanas entre o então juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça, e o procurador Deltan Dellagnol.

No final de semana, Bolsonaro atacou Levy cobrando que ele demitisse Marcos Barbosa Pinto da diretoria de mercados e capitais do banco por este ter servido ao governo do PT. Analistas enxergam na demissão o dedo da ala ideológica do governo, comandada pelo astrólogo Olavo de Carvalho.

“Generais sendo humilhados e demitidos, Chicago Boys pedindo o penico (…) Até o fim do ano ficam só Bozo, Olavo Napoleão de Hospício e Carluxo Camisa de Força”, ironizou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também usou um tom de ironia sobre o caso: “Pois é, Senhor Levy. Não há governo que te queira. Nem o ‘neoliberalismo da carochinha’ do Bolsonaro. Que fim cruel”.

Segundo a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), nos últimos três dias, Bolsonaro enquadrou militares, demitiu dois generais, um deles, o Santos Cruz, e o General Heleno, batendo na mesa, atacou Lula, talvez temendo o mesmo destino de seus pares de patente.

“Em café da manhã na sexta, o capitão-presidente atacou o Supremo, e ontem, ameaçou demitir Levy do BNDES, que acabou de se demitir no domingo, bem cedo. O eleito gera agora um grave conflito com o mercado e enfraquece, o irascível, Guedes (Paulo, ministro da Economia). A greve geral do dia 14 de junho levou importantes contingentes às ruas e mostrou o inconformismo dos trabalhadores com essa reforma da previdência, de caráter fiscalista e cruel com os mais pobres”, analisou Alice.